domingo, 29 de novembro de 2009

Derrota e lição em Honduras

Derrota e lição em Honduras


Após cinco meses de turbulência política, Honduras realiza hoje suas eleições, passo que o governo Lula, em sua submissão ativa aos desígnios chavistas, tentou de todos os modos impedir.

Obama censura Lula
A mais recente manobra foi desvirtuar o acordo firmado, sob os auspícios do diplomata norte-americano Thomas Shannon, entre o presidente interino Roberto Micheletti e o presidente deposto Manuel Zelaya.

O acordo previa, entre outras coisas, a realização e o reconhecimento das eleições; estipulava ainda um governo de unidade nacional e determinava que um eventual retorno de Zelaya ao poder seria decidido pelo Congresso, após ouvida a opinião da Suprema Corte.

Zelaya, com o apoio da diplomacia brasileira, passou a dizer que o seu retorno à presidência era uma imposição do acordo e uma questão “inegociável” e acabou rompendo o mesmo, não mais aceitando seus termos.

A atitude nada construtiva, para dizer pouco, da diplomacia brasileira valeu uma carta de censura do Presidente Obama dirigida a Lula, a qual foi respondida com ataques pessoais por Marco Aurélio Garcia, que mencionou a “frustração” em relação à postura dos Estados Unidos.

Processo eleitoral pacífico
Os próceres da diplomacia lulista apostavam uma vez mais na instabilidade política e anunciavam a impossibilidade da realização do pleito em condições normais, arriscando até a previsão de turbulências e tumultos.

Felizmente os Hondurenhos souberam, também desta vez, barrar as tentativas que nesse sentido fizeram os seguidores do ex-presidente Manuel Zelaya que não se cansou de conclamar ao boicote das eleições, sempre a partir da embaixada brasileira posta a seu inteiro dispor.

O povo hondurenho deu novamente uma lição ao “lulo-chavismo” e impôs-lhe uma grande derrota. Todas as notícias indicam que o processo eleitoral decorre em paz. Dona Melitina Castellanos Suazo de 93 años de idade foi a primeira a votar no país e deu um grande exemplo de firmeza ao conclamar: "Acorram às urnas, não tenham medo, por que temos que votar por Honduras".

Cerco a Honduras, cumplicidade com o Irã
Zelaya é agora um cadáver político “hospedado” na embaixada do Brasil. Chávez qualifica as eleições uma farsa e o Brasil continua a não querer reconhecer o resultado das mesmas, quando muitos países do mundo, a começar pelos Estados Unidos, o vão fazer.

O governo Lula parece apostar no recrudescimento da crise interna e talvez se apreste a trabalhar por isso. Para a cúpula fanática que tomou conta da diplomacia brasileira só existe uma solução: a rendição incondicional de Honduras ao socialismo do século XXI (leia aqui uma análise reveladora).

A ferocidade com que o “lulo-chavismo” ataca as legítimas instituições hondurenhas e afronta o Estado de Direito no país centro-americano, contrastam de modo gritante com os sorrisos cúmplices e os abraços fraternos de Lula ao ditador islamo-fascista do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Fato que o editorial do jornal La Prensa de Honduras não deixou de assinalar ao comentar a dupla moral (ou a imoralidade) diplomática de Lula.

Frustração e derrota ideológica
Convido-os a ler trechos da análise que a revista Veja (02.dez.2009) publicou e que bem revelam como o governo do Presidente Lula se torna adversário de qualquer saída democrática para a crise em Honduras. O título é sugestivo: “Derrota da Diplomacia petista”.


  • Alguma coisa certa Barack Obama fez. (...) A prova do acerto está nos ataques virulentos que recebeu de Marco Aurélio Garcia, o assessor do presidente Lula para assuntos internacionais. Tudo o que Garcia fala é errado, na forma e no conteúdo, além de prejudicial aos interesses nacionais. O presidente dos Estados Unidos foi alvo do novo surto de megalonanismo por defender o reconhecimento das eleições em Honduras, neste domingo. Desde que Manuel Zelaya tentou emplacar a própria reeleição e foi punido pela Suprema Corte com a perda do cargo, além de expulso manu militari do país, ao qual retornou com a patola chavista, instalando-se de bigode e chapelão na embaixada brasileira, a diplomacia petista trabalha com o objetivo de restaurá-lo no poder a qualquer preço. A saída pela via eleitoral, com a escolha de um novo presidente, virou um anátema para Garcia e sua turma. A proposta de solução apoiada por Obama parecia razoável: levar observadores internacionais para Honduras e, verificada a lisura da votação, chancelar o resultado, abrindo uma saída pacífica para o impasse. "Isso é muito ruim para os Estados Unidos e sua relação com a América Latina", rugiu Garcia. "Todo aquele clima favorável que se criou com a eleição do presidente Obama começa a se desfazer um pouco."

    Em diplomacia, as palavras devem ser escolhidas com cuidado, não por cortesia banal, mas para evitar o agravamento de atritos. Quando um país considera necessário censurar outro, a praxe é plantar declarações indiretas, chamar os representantes diplomáticos do oponente para uma conversa ou fazer comunicações por escrito. A ideia de personalizar as críticas, nomeando um chefe de governo diretamente, só em casos muito graves. Garcia rompeu todas essas regras e, num lapso ofensivo, somou a ofensa à injúria ao dizer que reconhecer a eleição em Honduras seria "legitimar o branqueamento de um golpe" - ah, as peças que o inconsciente prega. A violência de suas declarações tem uma explicação simples: frustração. A diplomacia petista contava com uma vitória política e ideológica com a restituição de Zelaya, que representaria uma prova de força e de prestígio internacional do governo Lula.

    Na prática, deu tudo errado. A alegria dos megalonanicos quando Zelaya retornou murchou rapidamente. O sujeito se mostrou disposto a lutar até a última vida dos outros, usou a embaixada brasileira como palanque e decepcionou mesmo quem condenava a forma como foi defenestrado. O governo interino de Roberto Micheletti, que tinha por trás o comando das Forças Armadas, a maioria do establishment político, a Corte Suprema e uma parte possivelmente majoritária da opinião pública, revelou uma capacidade de resistência insuspeita num país pobre, pequeno e suscetível a pressões. "Aqui não temos medo dos Estados Unidos, nem do Brasil, nem do México. Temos medo de Manuel Zelaya", resumiu Micheletti.

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