FARC no Brasil: as informações irrelevantes
Há muito se fala a respeito da presença das FARC no Brasil.
Ao longo da última década, referências à atuação do grupo terrorista têm crescido no noticiário: relações íntimas com o narcotráfico, orientação e treinamento de integrantes do MST, presença no país de agentes do grupo e sua proximidade com o PT, são algumas das mais insistentes.
Ligações perigosas
É bom lembrar que Fernandinho Beira-Mar foi preso num acampamento das FARC; que as FARC tiveram uma embaixada oficial em Ribeirão Preto, enquanto Palocci era Prefeito da Cidade; sem esquecer o mais importante, as FARC são integrantes, desde seu início, do Foro de São Paulo.
Há poucos meses, segundo noticiou o jornal O Globo, em audiência na Comissão de Agricultura da Câmara, o secretário-adjunto da Segurança de Rondônia, Cezar Pizzano, afirmou que as FARC treinam a Liga dos Camponeses Pobres, um movimento com caráter de guerrilha que atua no estado.
E acaba de aparecer a denúncia, bem mais alentada, feita pela revista colombiana Cambio, da colaboração de importantes personalidades do governo Lula com os terroristas das FARC (leia Ligações perigosas: FARC-governo Lula).
Convém ainda recordar que o governo brasileiro se recusou terminantemente a qualificar o grupo como terrorista. Marco Aurélio Garcia, assessor internacional do Presidente, jusitificou a negativa afirmando que o governo não poderia classificar como terrorista um grupo que poderia vir a governar a Colômbia, reconhecendo assim legitimidade à luta armada como forma de alcançar o poder.
Além do quê, a recusa também eximia o governo Lula de bloquear os bens do grupo no Brasil e de impor restrição à livre circulação de seus membros em território nacional.
Das concessões à política de firmeza
O Presidente Álvaro Uribe mudou radicalmente a postura oficial em relação às FARC. Abandonou a polícita de concessões e capitulações vergonhosas de seus antecessores, que estava conduzindo o país ao caos, à ingovernabilidade e ao império, quase inconteste, do crime organizado e do terrorismo marxista.
Com uma política de firmeza e de inteligente estratégia militar, as Forças Armadas colombianas foram acuando o grupo terrorista, impondo-lhe pesadas derrotas e sérias baixas.
Nessa tarefa o Presidente colombiano conta com o apoio maciço da opinião pública, enquanto as FARC não conseguem reunir a simpatia de mais de 2% da população. O apoio a Uribe e o rechaço às FARC se traduziram nos últimos meses em manifestações que levaram às ruas do país, em diversas cidades, milhões de pessoas.
Busca de refúgio em países vizinhos
É natural que os terroristas, cada vez mais acuados, tenham passado a ver no seqüestro uma de suas principais armas de chantagem. E, por outro lado, tenham empreendido um esforço internacional de articulação, sobretudo com governos de esquerda, para pressionar e tentar isolar o governo colombiano. Com a entrada de Chávez em cena, essa tática se exacerbou.
Os Presidentes Lula, Evo Morales, Rafael Correa passaram a integrar o grupo de governantes, que, mais ou menos abertamente, acobertavam a atuação das FARC. E pressionavam continuamente Uribe para que chegasse a uma "solução humanitária" do conflito, a qual compreendia concessões inadmissíveis às FARC.
Diante dos fortes reveses impostos pelos militares colombianos às FARC, era natural que estas passassem a procurar refúgio no território de países vizinhos, sobretudo naqueles governados por companheiros ideológicos.
Perigo de infiltração em território brasileiro
Desnecessário será frisar a evidência de tal tática em relação ao Equador e à Venezuela.
Agora o governo colombiano, segundo o Ministro da Defesa daquele país, Juan Manuel Santos, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo (27.jul.2008), entregou ao governo brasileiro uma série de informações de conexões das FARC no Brasil, para que este possa reagir como considerar mais apropriado.
Além disso, em visita oficial ao País, o secretário da segurança nacional dos Estados Unidos, Michael Chertoff, condenou o apoio recebido pelo grupo por parte de governos sul-americanos.
Chertoff também defendeu que os países da região evitem a transferência de bases da guerrilha para seus territórios, alertando para o perigo das FARC procurarem avançar pela Amazônia brasileira.
O descaso cúmplice do governo Lula
Pela boca de Marco Aurélio Garcia, a reacção do governo Lula às declarações não se fez esperar. Para o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, a suspeita levantada por Chertoff é "infundada"; e os dados sobre as FARC, repassados pelo governo colombiano ao Brasil, continham apenas "informações irrelevantes".
Tipicamente a linguagem e o descaso do cúmplice!
Será que um governo se dá ao trabalho de repassar a outro governo "informações irrelevantes", ainda mais sobre um grupo terrorista, cujas ações têm gerado tanto impacto internacional?
Se são irrelevantes, porque o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, manifestou a um assessor da inteligência militar seu temor de que o material vazasse para a imprensa? Seria pela sua irrelevância?
Terá sido pela irrelevância de tais informações que a Abin e o CIE (Centro de Inteligência do Exército) manifestaram disposição de empreender uma investigação sobre a possibilidade de representantes das FARC se fixarem no país com apoio de militantes de esquerda acolhidos no governo Lula?
A misteriosa irrelevância das informações
Terá sido com informações irrelevantes que o governo colombiano desarmou a farsa montada por Chávez e aliados (entre os quais Marco Aurélio Garcia, enquanto representante de Lula) da operação humanitária que "libertaria" o menino Emanuel... o qual se encontrava em um orfanato de Bogotá e não na selva, nas mãos dos terroristas?
Terá sido com base em informações irrelevantes que o governo colombiano detectou e aniquilou militarmente, na fronteira do Equador com a Colômbia, o acampamento (quartel-general) do nº 2 das FARC, Raul Reyes?
Terá sido com informações irrelevantes que o presidente Álvaro Uribe denunciou internacionalmente, inclusive em célebre discurso na Organização dos Estados Americanos (OEA), a íntima conivência e colaboração financeira e militar dos governos de Hugo Chávez e Rafael Correa com as FARC?
Terá sido com informações irrelevantes que as Forças Armadas colombianas montaram uma ousada e bem sucedida operação de inteligência militar para resgatar os mais importantes reféns em mãos das FARC, entre os quais Ingrid Bentencourt?
Porque, então, as informações entregues agora ao governo brasileiro seriam irrelevantes? Não se sabe, mas para Marco Aurélio Garcia são.
Afinal qual o sentido de "irrelevantes" para Marco Aurélio Garcia? Que não têm importância? Ou que não são relevantes para o governo Lula, uma vez que este está mesmo disposto a colaborar com as FARC?
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