terça-feira, 25 de setembro de 2007

Um mensalão oculto "dinamiza" a vida parlamentar

Logo após a espúria vitória de Renan Calheiros na sessão secreta do Senado que impediu sua cassação, a batalha política passou a travar-se em torno da prorrogação da CPMF.

O Senador Pedro Simón (PMDB-RS) declarou estar convencido de que o Planalto iria "comprar a alma" dos parlamentares e "passar o rolo compressor" para conseguir a prorrogação do imposto.

Não foram necessários muitos dias para que a previsão do Senador se tornasse notória. Sob o comando direto de Lula, o Planalto passou a incentivar um troca-troca de legendas entre os senadores, com promessas múltiplas, entre as quais futuras coligações eleitorais. Mais de um Senador da oposição se bandeou para partidos da base aliada.

O troca-troca partidário também se dá na Câmara dos Deputados e a bancada do PR (fusão do antigo PL com o PRONA) não pára de inchar. De 25 deputados federais eleitos em outubro, deve chegar a 43, tornando-se assim a terceira bancada. Sim, o PL, o partido símbolo do Mensalão, que serviu intimamente aos desígnios do PT nessa operação delituosa.

O modo escandaloso do Planalto aliciar deputados e senadores, a facilidade com que se dá esse troca-troca, não menos escandaloso, tudo remete ao ambiente do Mensalão. O inchaço da base de apoio do governo e o minguamento dos partidos de oposição. Talvez por isso, há dias, Lula (que nunca sabe de nada) fez rasgados elogios ao Congresso, o qual, segundo ele, sempre votou a favor de disposições importantes de seu governo.

Talvez pela mesma razão o Presidente tenha declarado em entrevista ao jornal New York Times, numa afronta às instituições, sobretudo ao Judiciário, de que está convencido de que José Dirceu não cometeu nenhum crime.

Em artigo para a revista Veja (5.set.2007), Roberto Pompeu de Toledo remexe o assunto. O título é sugestivo: A face mais cruel do mensalão. O tema é pertinente! Afinal a que se destinou o Mensalão?

Se práticas mais convencionais, como a distribuição de cargos e a liberação de emendas ao Orçamento, davam conta de alcançar a chamada "governabilidade", com as votações favoráveis ao governo, porque o "núcleo central" (do PT e do Planalto), comandado por José Dirceu, decidiu ir mais além, pergunta-se o articulista? Ainda segundo ele, a resposta verosímil é que o investimento parecia ser feito em partidos que, em acréscimo aos serviços prestados no Congresso, cumprissem o papel de forças eleitorais auxiliares que garantissem sucessivas vitórias nas urnas.

Então como agora!

  • "O mensalão revela-se doença mais profunda quando se imagina que suas intenções ultrapassavam a construção de uma maioria parlamentar. Dá lugar a um cenário em que um único grupo se considera detentor da compreensão do presente e da chave do futuro. Ou, o que vem a ser seu corolário inevitável, em que a alternância do poder é um incômodo a ser eliminado.

    O mensalão, tal qual descrito no Supremo Tribunal Federal, está morto. .... Mas continua a corrida de deputados em direção a partidos agregados ao governo. Dá para desconfiar que um mensalão oculto, ou quem sabe a expectativa de volta triunfal do mensalão, continua a animar a vida parlamentar. Estamos tão no fundo do poço, em matéria de práticas políticas, que, mesmo diante de uma decisão histórica como a do Supremo Tribunal Federal, é duro acreditar que as coisas venham, mesmo, a mudar".

2 comentários:

Letícia Losekann Coelho disse...

Vergonhoso, muito vergonhoso!!! Imagina o desgosto do Simon com tudo isso!! De todos os Senadores que estão eleitos (não quero puxar brasa para o meu assado),o Simon sempre foi o melhor!!! Tem o Paim que gosto muito apesar de ser do PT...mas o Simon em especial deve estar morrendo de nojo!!

Anônimo disse...

ZEPOVO

O mensalão ou seja o nome que queiram dar é o caixa dois de campanha. Todo politico tem.Todo partido administra um. Se escapa meia duzia de Simon's ou Suplicy's é para dar alguma esperança à pessoas como nós. O manto só foi levantado como tentativa de derrubar Lula, fui uma burrada muito grande que quase escapa ao controle, mas não funcionou já que não sobraria ninguem no Congresso.
Vejam, bastou a decisão do Supremo para recomeçar a aparecer nomes como Azeredo, Aécio já lambendo FHC, todos tem seu mensalão.
Para se usar uma bomba atômica é preciso ser especialista. Não acho que o mensalão vai agitar mais...