segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Moldar o Mercosul ao gosto de Chávez

Moldar o Mercosul ao gosto de Chávez
É difícil negar o forte viés ideológico que tem norteado a política externa do governo Lula.

Em tal perspectiva ideológica, a tão apregoada integração latino-americana tem sido ocasião de decisões e atitudes patéticas.

Enquanto os idealizadores de nossa política externa a apresentam como "altiva e pró-ativa", o que a marca é o estigma da subserviência a interesses ideológicos escusos. Basta aqui recordar a infamante atitude do governo Lula e do próprio Presidente diante dos atos de arbítrio e confisco promovidos pelo "companheiro" Evo Morales na Bolívia em relação a bens nacionais.

Esforço desmedido para incluir a Venezuela
Perfila-se no horizonte mais uma destas lamentáveis e desastrosas atitudes da diplomacia lulista. O esforço desmedido empreendido pelo governo para que a Venezuela seja aceita no Mercosul como sócio pleno.

Esforço que teve até direito a uma carta dirigida por treze governadores do Norte e do Nordeste à Comissão de Relações Exteriores com o apoio ao ingresso da Venezuela.

Nenhuma empresa desses Estados ficará em melhores condições de exportar para a Venezuela, caso esta ingresse no Mercosul. Na verdade, o Brasil não terá nenhum ganho comercial ponderável com esse ingresso.

Os petistas distorcem a discussão
Para poder aprovar na Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados a inclusão da Venezuela no Mercosul, os petistas, como de costume, tergiversaram quanto aos dados do problema.

Afirmaram eles que nessa avaliação não devem estar em jogo assuntos internos da Venezuela, mas apenas a criação de um grande mercado na América Latina.

Ora tal assertiva é evidentemente falsa. O regime político vigente na Venezuela tem a ver, e em larga medida, com as condições econômicas e com a conduta da política comercial do país. Sobretudo, quando a mais recente reforma constitucional (quantas virão ainda?) dá foros de legitimidade a um regime político discricionário, em que as atividades políticas, econômicas, sociais e culturais dependerão da vontade de um único homem, cujas medidas ideologicamente destemperadas são bem conhecidas.

Convém também relembrar que o Coronel Hugo Chávez já anunciou com clareza sua intenção de transformar a essência do Mercosul, submetendo o bloco a seus desígnios ideológicos.

Mais ainda - e isto os petistas parecem "esquecer" - o tratado do Mercosul inclui uma cláusula democrática. Cláusula que o regime autoritário de Hugo Chávez evidentemente não preenche.

Vantagens comerciais para a Venezuela
De tal modo é ideológica a intenção, que move o governo e seus aliados no Legislativo, de admitir a Venezuela de Chávez no bloco, que alegam para isso vantagens comerciais. Quais? As vantagens até agora correm por conta da Venezuela.

Uma vez mais se patenteia a falsidade do argumento. Não estão sequer discutidos, do ponto de vista comercial, os detalhes técnicos da adesão da Venezuela, porque o governo de Chávez adiou essa discussão.

Os produtos do país vizinho entrarão no Brasil, sem tarifas, a partir de 2010. Os do Brasil entrarão na Venezuela, nessas condições, só a partir de 2012.

O governo Chávez até agora não aceitou a Tarifa Externa Comum, essencial para uma união aduaneira e recebeu prazo até 2014 para adotá-la.

Liquidar o velho Mercosul com ajuda do Brasil
Em suas Notas & Informações Um presente para Chávez (28.out.2007), o jornal O Estado de S. Paulo ressalta com veemência os graves riscos da admissão da Venezuela no Mercosul:

  • "O governo brasileiro deu mais um passo para entregar o Mercosul ao presidente venezuelano Hugo Chávez e para sujeitar a seus caprichos e interesses a diplomacia comercial de Brasília. A bancada governista conseguiu fazer aprovar na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados o ingresso da Venezuela no bloco formado, até agora, por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. .... A insistência do governo e as alegações dos governistas a favor do projeto são sinais de péssimo agouro não só para a diplomacia econômica, mas também para o futuro político da região. Quem aceita os objetivos e os métodos de Chávez e as suas milícias como democráticos poderá aceitá-los também no Brasil e noutros países da região. ....

    O presidente venezuelano pretende ter um Mercosul moldado segundo suas conveniências e nunca escondeu esse fato. Ao contrário, deixou clara sua intenção de liquidar o velho Mercosul e organizar um novo, de acordo com seus critérios. O governo petista e seus partidários no Congresso devem julgar a aceitação desses critérios um avanço para o Mercosul. Devem estar ansiosos para depender da opinião de Chávez quando quiserem negociar com a União Européia ou com os Estados Unidos, ou até mesmo - quem sabe? - quando tiverem de fazer os acertos finais na Rodada Doha. Mas para isso não precisam de um novo sócio no Mercosul: basta telefonar a Chávez e pedir sua orientação. ....

    Neste momento, a admissão da Venezuela no Mercosul envolve riscos muito sérios e muito maiores que os benefícios previsíveis. Ainda há tempo para se evitar o erro".

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2 comentários:

Anônimo disse...

A entrada da Venezuela no Mercosul, a médio prazo, trará sérios problemas para o Brasil. Principalmente pela personalidade difícil de Hugo Chávez, que quer impor a sua política pisando na democracia e
impondo às suas vontades.

Aliás, no ano passado, em evento público, assisti duras críticas dele contra o Mercosul. Portanto, todo cuidado é pouco. Mas, como a oposição é débil, fraca, os aliados do sistema vão dão às cartas, sempre com um coringa na manga... / Abs

ZEPOVO disse...

Comércio! É o que importa para a grandeza de uma Nação. A Venezuela é importante para o Brasil e Mercosul. Já Chavéz, não. É descartável e vai desaparecer com o tempo. Pode atrapalhar um pouco, mas são os " ossos do ofício".
A China não é democrática, é comunista, e todos querem negociar com ela, até os americanos que estão comercialmente muito bem com os chineses, apesar da China respeitar muito pouco os " direitos humanos". Porque os americanos não fazem boicote contra a China como fizeram com Cuba????
Comércio, é o que importa.