terça-feira, 6 de novembro de 2007

Chávez, Lula e o Vietnã das metralhadoras

Chávez, Lula e o Vietnã das metralhadoras
Deixei passar uns dias para analisar a notícia abaixo. Afinal, era necessário aguardar que, no governo, alguém se pronunciasse sobre ela. O que não aconteceu, lembrando o velho ditado: quem cala, consente.

Infelizmente, boa parte de nossa mídia tem escondido o profundo descontentamento que grassa na Bolívia em relação ao governo de Evo Morales.

É claro que, segundo a peculiar concepção de democracia que certas esquerdas arvoram, qualquer movimento de oposição a um governo dos "companheiros" é golpismo, seja das elites, da oposição, da imprensa... enfim, de quem quer que seja. E como tal deve ser combatido. (Este discurso nos é bem familiar!)

Entretanto, Hugo Chávez deu um passo a mais neste "combate". Ele acha que o mesmo se deve estender para além das fronteiras.

Chávez ameaça reação armada
Em seu programa Alô, Presidente, o Coronel Chávez (ele, sim, historicamente um golpista e hoje um ditador) ameaçou uma intervenção armada na Bolívia, caso a oposição derrube Evo Morales.

Conforme noticiou a Folha de S. Paulo (15.out.2007), em Cuba, ao pé de uma imensa estátua do guerrilheiro Che Guevara, Chávez declarou: "Se a oligarquia boliviana conseguir derrubar Evo ou assassiná-lo, saibam vocês, oligarcas da Bolívia, que o governo venezuelano, que os venezuelanos, não vamos ficar de braços cruzados".

E Chávez prosseguiu: "Tenham muito cuidado, porque não seria o Vietnã das idéias, seria o Vietnã das metralhadoras, o Vietnã da guerra. Saibam disso", continuou, em alusão à proposta de Che Guevara de criar "um, dois, três Vietnãs" contra os Estados Unidos.

A ameaça de Chávez de intervir militarmente no processo político de um país vizinho é de si estarrecedora e deveria receber pronta reação diplomática. Aliás, a Bolívia já é hoje, na prática, um protetorado da Venezuela e o governo de Evo Morales agradeceu a manifestação de "solidariedade latino-americana".

Chávez tenta engajar Lula
Mas o mais espantoso ainda estaria por vir. Chávez afirmou ter conversado sobre o assunto com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua recente visita ao Brasil: "Disse a Lula: Temos de fazer algo para evitar na Bolívia o que já ocorreu na Venezuela em 2002".

Chávez não esclareceu qual a resposta do brasileiro. Entretanto, o silêncio de Lula é incompreensível. Uma ameaça de intervenção militar num país vizinho, como a referida, e uma alusão à conversa de Chávez com Lula sobre o assunto, exigiam um pronto desmentido deste último. Até agora não veio. A que aventuras a política externa brasileira conduzirá o País? Os brasileiros têm o direito de ser informados a respeito.

Quem cala, consente!
Com propósito comentou, em suas Notas & Informações (O protetor da Bolívia), o jornal O Estado de S. Paulo (19.out.2007):

  • "Hugo Chávez é um falastrão, mas, ao contrário do que muita gente pensa, não é inconseqüente. Não teria feito ameaça dessa gravidade - intervir militarmente em um país vizinho - se a transformação da Bolívia num Estado bolivariano estivesse indo de vento em popa. A oposição boliviana tem travado o projeto de criação de um regime idêntico ao que Chávez está impondo à Venezuela e isso o caudilho não pode tolerar. ....

    No programa [Alô, Presidente], Chávez revelou que conversou sobre o que chama de “crise boliviana” com o presidente Lula, no encontro que tiveram em Manaus. .... O caudilho não disse qual foi a resposta de Lula.

    Essa resposta só pode ser uma - e deve ser pública, para que não haja dúvidas: o Brasil não apóia a ingerência de quem quer que seja nos assuntos internos de seus vizinhos e fará o que for necessário para manter a soberania da Bolívia. Esse é o único tipo de linguagem que o caudilho compreende e respeita".
É verdade, essa resposta só pode(ria) ser uma e pública. Entretanto, não houve resposta, nem pública nem privada! Lula, sempre tão prolixo, manteve-se em enigmático (ou até cúmplice) silêncio: Quem cala, consente!

Divulgue: clique no envelopinho aí embaixo e envie este post a amigos.

Um comentário:

ZEPOVO disse...

Chávez vai acabar se destruindo, dando um passo maior que a perna. Cuidar da Venezuela já é demais para ele.Suas ambições de lider latino são só dele e preocupam os americanos, coisa bem complicada...
Vamos supor: Hillary Clinton Presidente Americana tem que provar como todo presidente americano que é "macho", para tanto o Pentágono sempre sugere a invasão de algum país, para renovação do sentimento patriótico do populacho americano.
Qual seria este país????
Antes de invadir a Venezuela,numa invasão bem barata para libertar o povo venezuelano do tirano, Hillary telefona para Dilma, só para avisar...

Quanto à Evo, e a Bolivia, sugiro que a Esquadrilha da Fumaça voe até Sucre ou La Paz e desenhe seu famoso " coração" no céu.Depois Lula telefona e pergunta se Evo gostou da " homenagem", ele vai se acalmar, com certeza!