sexta-feira, 19 de junho de 2009

A estranha ética do Presidente

A estranha ética do Presidente
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País tem sido assombrado, há meses, pela revelação de irregularidades e ilegalidades no Congresso Nacional. Nas últimas semanas, tais revelações se concentraram mais em práticas do Senado.

De alguma forma, o clímax foi atingido esta semana com o discurso de José Sarney, durante o qual, em tom grandiloqüente, afirmou que a “crise é do Senado, não é minha”. O que, de si, não deixa de ter algo de verdadeiro.

Os abusos e desmandos que têm vindo à tona, levaram a Folha de S. Paulo (18.jun.2009) a assinalar em seu Editorial que “a sociedade brasileira se vê desarmada, assim, diante de práticas de comportamento que muitos de seus representantes vinham encarando como perfeitamente normais até agora”.

Lula repudia o "denuncismo"

Mas faltava nesse quadro traumático e desabonador do mundo político a pitada do presidente Lula. Apesar de se encontrar no longínquo Cazaquistão, Lula decidiu colocar em dúvida as revelações de irregularidades no Senado e repudiar o que qualificou de “denuncismo”.

“Eu sempre fico preocupado quando começa no Brasil esse processo de denúncias, porque ele não tem fim”, afirmou o presidente.

O “sempre” do presidente, entenda-se, é relativo, pois as preocupações de Lula com o chamado “denuncismo”, são de ocasião. Elas se manifestam quando as denúncias o atingem a ele, a seu círculo próximo ou a seus aliados. Mas quem o viu preocupado, quando estava na oposição, com as raivosas campanhas denuncistas promovidas pelo PT? Ou quem viu o Presidente manifestar preocupação com a campanha feroz de denúncias que o petismo leva a cabo, no momento, contra a governadora do Rio Grande do Sul?

Em suas declarações à imprensa Lula acrescentou: “Você vai desmoralizando todo mundo, cansando todo mundo”. E previu: “Depois não acontece nada”.

O já mencionado Editorial do jornal Folha de S. Paulo comenta a respeito: “Para ilustrar o processo, o presidente poderia ter mencionado o escândalo do mensalão, protagonizado por seu então estado-maior”.

Lula decidiu ir adiante: “Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”, afirmou. O que será a "história suficiente" de José Sarney? Será o apoio quase incondicional a Lula? E perante a lei há, na ética lulista, as pessoas comuns e as incomuns?

Lula precisa de Sarney para eleger Dilma

As declarações enfáticas do presidente suscitam uma pergunta: o que motivou Lula, lá bem longe, no Cazaquistão, a fazer uma defesa tão enfática do Senador José Sarney?

Tudo indica que Lula precisa impedir um debilitamento do grupo político peemedebista de José Sarney e Renan Calheiros (outro envolvido em escândalos que o levaram, há menos de dois anos, a renunciar à Presidência do Senado). Antes de mais, porque tal grupo sustenta o governo no Senado e o presidente necessita estabilidade política no final de seu mandato, para se dedicar a eleger seu sucessor. Além disso, Sarney defende a candidatura de Dilma Rousseff e é peça chave para que o PMDB aceite fazer um acordo com o PT para tentar eleger a ministra.

O presidente Lula mostra assim a natureza de sua ética na política! Essa ética que tanto o PT utilizou no passado como bandeira para alimentar seu denuncismo.

Culpar o espelho pela imagem que reflete

Acabo de ler o artigo de Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo (18.jun.2009). Lula culpa o espelho é o título. Transcrevo-o, pela pertinência com que analisa a intervenção do presidente na presente crise:

  • "Alguma surpresa com a defesa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez do senador José Sarney? Quem pediu desculpas pelos "erros" cometidos pelo seu partido (na verdade, crimes), mas depois passou a mão na cabeça dos "errados", quem se aliou a Fernando Collor de Mello, único presidente punido por falta de decoro, não poderia deixar de solidarizar-se com Sarney.

    O que surpreende é a escandalosa indigência dos argumentos usados por Lula. Primeiro argumento: "Ele tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum". Que besteira é essa, Deus do céu?

    É a versão Lula do "sabe com quem está falando?". Com história ou sem história, todo cidadão tem de ser tratado da mesma maneira. E os que têm história devem comportar-se ainda melhor do que os que não têm. Afinal, para usar um lugar-comum tão ao gosto de Lula, "o exemplo vem de cima".

    Segundo argumento: um suposto interesse em "enfraquecer o Poder Legislativo". Outra bobagem sem tamanho. O que enfraquece o Poder Legislativo não são as denúncias, mas os fatos que dão origem às denúncias. Sem eles não haveria denúncias.

    O Poder Legislativo, como os demais, só se fortalece se corrige os desmandos e abusos denunciados. Omissão é que o enfraquece.

    Lula, no fundo, revisita a teoria debilóide e safada da conspiração que não houve contra ele.
    Houve apenas uma conspiração dos fatos. Tanto que ele foi obrigado a pedir desculpas. Tanto que o procurador-geral da República denunciou toda a cúpula do PT como "quadrilha".

    É, enfim, a velha tentação de toda pessoa investida de poder de culpar o espelho pela imagem que ele mostra. A favor de Lula diga-se que ele ao menos pediu desculpas, coisa que Sarney nem remotamente passou perto de fazer. "

A defesa feita por Lula do Senador José Sarney não é de estranhar. Afinal o Presidente defendeu reiteradamente, nestes dias, Ahmadinejad, o ditador iraniano, presidente do regime que lança instabilidade política no Oriente Médio com a difusão de sua revolução islâmica, que promove oficialmente grupos terroristas e leva adiante um obscuro programa nuclear.

Mas este é assunto para um próximo post.

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5 comentários:

Laguardia disse...

Lula também tem história no Brasil.

História de defender o que é errado, o que é desonesto, o que é antiético, o que é imoral. Exemplos temos diversos.

1. Na época do mensalão, em uma entrevista da França, defendeu o uso de Caixa 2 pelo PT sob a alegação de que todos os partidos também usavam deste expediente ilegal.

2. Sempre apoiou os aloprados do PT que se metiam em atos ilegais. Pallocci, José Dirceu, José Genuíno, Delúbio Soares, Renan Calheiros, José Severino e outros.

3. Na recente crise das verbas de representação no congresso, defendeu a desonestidade e a utilização ilegal das referidas verbas ao dizer que também praticou estes atos ilegais quando era deputado federal.

4. Agora diz que Sarney deve ter tratamento especial, quando a constituição prevê direitos iguais a todos os cidadãos.

Lula e Sarney por terem história no Brasil deveriam ter não tratamento especial, mas comportamento especial, ético honesto e moral que servissem de exemplo para o povo brasileiro.

Lula comete crime de responsabilidade ao confessar que não obedece as leis e a Constituição que jurou defender.

Pior que não ter instrução é Lula não ter a menor idéia do que seja ética, honestidade e moral.

Lucas Janusckiewicz Coletta disse...

Foi muito engraçado o Lula defendendo o josé Sarnei, pois a esquerda que sempre atacava o "coronelismo" do nordeste, hoje depende dos coronéis que na verdade são da mesma turma. A oposição e a situação se fundiu na mesma massa amorfa que nunca representou o Brasil verdadeiro. Se o Lula atacasse o Sarney perderia, defendendo perdeu do mesmo jeito. Ficou claro para a opinião pública que o Lula e todos os politicos são escravos de uma força que hoje ainda é invisivel, mas a máscara está caindo.

Albino disse...

Senador Sarney “pessoa não comum” sim senhor.
A imprensa brasileira está criticando, em coro, a fala do Presidente Lula onde o mesmo afirma que o Senador Sarney não é uma pessoa comum, como se isto não fosse uma grande verdade.
Quem pode negar que a sociedade brasileira, constituída ao longo de toda a nossa história republicana, é composta de pessoas que tudo tem e tudo podem e das pessoas que nada tem e nada podem? Portanto, senso comum, que “pessoas comuns” são todos os brasileiros e brasileiras que utilizam os serviços básicos de saúde e de educação pública, que são julgadas pelos tribunais de primeira instancia e, quando condenadas, vão para a prisão, porque não tem dinheiro para recorrer às instancias superiores. As pessoas “não comuns” citadas pelo presidente Lula, são todos aqueles que ditam, aprovam e aplicam as Leis para a nossa sociedade mas não se sentem na obrigação de cumpri-las.
Ainda prevalece o velho ditado popular: para o “cidadão comum” ( povo) os rigores da lei e as políticas públicas populares e para os “cidadãos incomuns” as regalias da lei e as benesses da Republica. Esperávamos que o governo Lula se empenhasse para mudar esta regra mas, infelizmente, não é isto que estamos assistindo.
A imprensa pode contribuir, muito, para mudar este estado de coisas. As OPINIÕES dos Blogueiros, também.

Anônimo disse...

Como bem disse Diogo Mainardi,"tentar acompanhar os pensamentos de Lula é um empenho emburrecedor, que se espalham pela atmosfera e causam uma espécie de efeito-estufa mental."
Na segunda-feira, ele comparou a uma simples dispusta entre flamenguistas e vascaínos, o espancamento e assassinatos de oposicionistas iranianos por parte dos pistoleiros dos aiatolás.
Imprensa boa para Lula é a do Irã. Note-se que Irã, hoje, está mais para Ditadura Militar do que para Teocracia.
(Si)

Laguardia disse...

Prezados amigos
Há muito venho lendo e vendo o que tem acontecido no Brasil com relação aos nossos políticos. Não passa um dia sem que haja uma denuncia de atos de corrupção, falta de ética, e imoralidade por parte de nossos governantes.
O Presidente Lula recentemente em defesa do Senador José Sarney definiu que no Brasil existem dois tipos de cidadãos. Aqueles para os quais não existe lei ou Constituição e os demais que estão submetidos aos rigores da lei.
Aqueles que sofrem nas filas do SUS, ficando internados em macas nos corredores dos hospitais e aqueles que se tratam nos melhores hospitais do país com a melhor equipe médica. Em ambos os casos o contribuinte paga.
É chegada a hora de parar de reclamar e partir para a ação antes que seja tarde demais.
Minha proposta e que comecemos em conjunto a pensar numa ação coordenada para o dia 7 de setembro de 2009. É o dia em que comemoramos a independência de nossa pátria, a libertação de nosso povo. Não há momento melhor do que este para um protesto contra a pouca vergonha, os desmandos do governo e o fato de que pouco a pouco estamos perdendo nossa liberdade e democracia.
Sugestões para o email laguardia.luizf@gmail.com