quarta-feira, 16 de abril de 2014

As mãos sujas de petróleo

As mãos sujas de petróleo



A primeira foto que encabeça este post é da época em que Luiz Inácio Lula da Silva, embalado pela farsa das grandes descobertas de petróleo do pré-sal, proclamava a autossuficiência do Brasil em matéria petrolífera, usava e abusava do petróleo como arma publicitária e da Petrobras como máquina para a consecução de seu projeto ideológico de poder.

Suas mãos sujas de petróleo – imitando o gesto do populista Getúlio Vargas – tornaram-se um símbolo da imensa teia de corrupção com que o PT envolveu a empresa, outrora tão prestigiada nacional e internacionalmente por sua competência e eficiência tecnológica.

Na foto seguinte, vemos Lula assentar suas mãos sujas de petróleo no dorso de Dilma Rousseff. O gesto significava a passagem de testemunho à candidata que Lula alçaria ao poder; mas também a continuidade do aparelhamento da Petrobras, que o PT iniciara com o primeiro mandato de Lula.

Aparelhamento da Petrobras pelo PT
O País assiste, nestes dias, estupefato, ao desvelar dos esquemas de corrupção que minaram o prestígio e a credibilidade da Petrobras. No início de 2014 a dívida da Petrobrás elevou-se a 300 bilhões de reais, com negócios desastrosos – para dizer apenas isso – como a compra da refinaria de Pasadena, aprovada por Dilma quando presidia o Conselho de Administração da empresa. A autossuficiência em matéria de petróleo revelou-se uma mentira, já que o déficit da conta petróleo em 2013 foi de US$ 20,277 bilhões. Em reportagem, o jornal Financial Times destacou a impressionante queda da Petrobras, que desceu no ranking das maiores empresas do mundo, do 12º para o 120º lugar.

Há onze anos a estrutura da Petrobras está sob controle do partido do governo, o PT. O aparelhamento político da empresa pelo partido e seus aliados de coligação, transformou a Petrobras num instrumento a serviço de um projeto político-ideológico, de conotação socialista e autoritária, lembrando, aliás, muito o modo pelo qual o caudilho Hugo Chávez utilizou a PDVSA (Petróleos de Venezuela S.A.) para o financiamento do seu “socialismo do século XXI”.

Como bem comentou Eliane Cantanhêde, na Folha de S. Paulo (15.abr.2014) “estava demorando, mas um dia ficaria clara uma das heranças malditas de Dilma: Lula tratava estatais e órgãos federais como se fossem dele, do PT e dos aliados” (Quem “fere” as nossas estatais?).

Consórcio criminoso - escândalo explosivo
A Petrobras não apenas financiou projetos do governo petista, mas nela se instalou uma imensa máquina de corrupção, que envolve inexplicados negócios bilionários.

A prisão de Paulo Roberto Costa, ex-executivo mais poderoso da empresa – que dirigiu a área de Abastecimento da Petrobras, o setor perfeito para gerir negócios bilionários – começa a trazer à tona o conteúdo explosivo de um escândalo, com um bilionário esquema de lavagem de dinheiro, que pode deixar o Mensalão para trás.

De acordo com a reportagem da revista Época, assinada por Diego Escosteguy e Marcelo Rocha, Paulo Roberto Costa “era bancado no cargo por um consórcio entre PT, PMDB e PP, com o aval direto do ex-presidente Lula, que o chamava de ´Paulinho´. Paulo Roberto Costa detém muitos dos segredos da República” (Ele não destruiu as provas..., 7.abr.2014).

Segundo as primeiras análises das agendas, planilhas e outros documentos apreendidos com o ex-executivo da Petrobras, “a Polícia Federal descobriu que Paulo Roberto, um doleiro, políticos e prestadores de serviços estão interligados em um consórcio criminoso montado para fraudar contratos na Petrobras, enriquecer seus membros e financiar políticos e partidos” (O objetivo é o caixa dois, Rodrigo Rangel e Hugo Marques, Veja, 16.abr.2014).

Distorções e mentiras
Não é meu objetivo traçar aqui as grandes linhas deste imenso esquema de corrupção.

O que me leva a escrever estas linhas é o impressionante grau de cinismo e o nível de mentiras a que o PT é capaz de submeter o Brasil. Hoje, ao abrir o jornal Folha de S. Paulo, um título choca: Oposição quer destruir Petrobras, diz Dilma. Na cerimônia de entrega dos dois navios petroleiros no porto de Suape (PE), a Presidente afirmou que não assistiria “calada” à campanha negativa contra a Petrobras, classificou as suspeitas como fatos isolados e se disse comprometida a apurar com o máximo rigor as denúncias. A Presidente parece esquecer-se que o governo tenta barrar a todo o custo a CPI da Petrobras; que as denúncias não são contra a Petrobras, mas contra os esquemas corruptos do PT e de seus aliados, enquistados na empresa; e que a Polícia Federal continua a executar dezenas de mandados de prisão.

Uma tal arrogância, um tal desaforo à verdade, fazem recordar as imensas máquinas de propaganda de regimes nazistas ou comunistas, em que a realidade era triturada impiedosamente, à semelhança dos opositores torturados nos campos de concentração.

Rodrigo Constantino escreveu um lúcido artigo no jornal O Globo (15.abr.2014), intitulado A infiltração vermelha na Petrobras, cuja leitura recomendo aos leitores do Radar da Mídia:

  • “A Petrobras, a maior empresa industrial do país, a que detém a maior soma de recursos, a que deveria dispor dos melhores técnicos, encontra-se hoje numa situação lastimável, reduzida à função de órgão atuante na comunização do Brasil. Seus índices técnicos e financeiros são, atualmente, dos mais baixos, e os escândalos se sucedem, sem que o governo se anime a dizer um ‘Basta!’ a esse estado de coisas.

    “O único diretor não comunista, [...] foi demitido por pressão dos sindicatos controlados pelos vermelhos. Era o único técnico na diretoria, seus serviços sempre foram considerados valiosíssimos, mas excomungado pelas forças da subversão, que com ele não contam, teve de dar lugar a outro, julgado mais dócil e cooperativo.

    “A diretoria não se reúne, os processos se acumulam, nada se resolve. Ou melhor, só se resolve aquilo que tem sentido político. Paga-se, por exemplo, rapidamente a divulgação de manifestos do CGT, alugam-se veículos para transportar figurantes em comícios políticos, custeia-se com o dinheiro do povo, a campanha de agitação e subversão.

    “Até quando persistirá tal panorama? Quando será a Nação satisfeita pela verificação de que o governo resolveu tomar uma atitude, expulsando da Petrobras aqueles que a transformaram num instrumento de sovietização do país e entregando a companhia a uma direção de técnicos apolíticos, que possam fazê-la progredir?”

    Quem escreveu isso? Seria Jair Bolsonaro acusando o PT de utilizar a Petrobras como instrumento bolivariano? Seria Olavo de Carvalho com alguma “teoria conspiratória” sobre a infiltração comunista na maior empresa do país?

    Nada disso. Trata-se do editorial do GLOBO, publicado em 7 de setembro de 1963, data adequada por representar o Dia da Pátria (espero que o jornal não se arrependa desse editorial também). Era um grito patriótico contra a infiltração comunista na estatal, sob a conivência do presidente João Goulart.

    Reparem como o Brasil parece andar em círculos. Hoje, a Petrobras continua financiando uma “campanha de agitação e subversão”, ao bancar os invasores do MST, por exemplo. Continua aparelhada politicamente, usada por petistas como propriedade particular. Petrodólares usados para disseminar o marxismo, enquanto o endividamento da empresa se avoluma por incompetência ou corrupção.

    Alguns gostam de repetir, com ar de superioridade, que a Guerra Fria acabou, tentando, com isso, pintar anticomunistas como seres ultrapassados, gente parada no tempo. Há só um detalhe: tem que avisar aos próprios comunistas que a Guerra Fria não só acabou, como foi com a derrota dos comunistas!

    Tem uma turma que ainda não sabe disso. E pior: essa turma está no poder! Basta ver a própria Venezuela, mergulhada em uma tragédia justamente porque insistiu no modelo socialista fracassado. Mas não é só lá. Aqui tem um pessoal bolivariano doido para transformar o Brasil em uma nova Cuba, o sonho (pesadelo) perdido na década de 1960. Se a PDVSA foi útil ao projeto de Chávez, a Petrobras é útil aos planos de perpetuação do PT no poder.

    Como evidência de que os comunistas, infelizmente, ainda não desapareceram da cena política nacional, a deputada Luciana Santos, do PCdoB, encaminhou ao Congresso projeto de lei que cria o Fundo de Desenvolvimento da Mídia Independente. Só mesmo um comunista poderia falar em “mídia independente” criando uma total dependência dos recursos estatais!

    Talvez esteja ficando escancarado demais financiar indiretamente a imprensa chapa-branca com recursos das estatais, e os vermelhos, ligados ao governo do PT, pretendam oficializar logo a criação de seu exército de “jornalistas” sustentados por nossos impostos. Essa coisa de imprensa independente é muito chata, fica expondo os infindáveis escândalos da Petrobras...

    Para concluir, o editorial de 1963 diz: “Deveria o presidente João Goulart iniciar pela Petrobras a purificação de seu governo. Afaste, imediatamente, os diretores comunistas, faça voltar os técnicos, ponha a empresa à margem da política, e a decepção que ele vem causando ao povo brasileiro se transformará em novas esperanças. Ao mesmo tempo dará Sua Excelência à Nação — se assim proceder — uma cabal demonstração de seus propósitos, provando que deseja governar afastado dos extremos, cujo facciosismo tantos males vem causando ao Brasil.”

    O presidente não deu ouvidos. Sabemos como tudo acabou, e não foi nada bom. Resta torcer para que dessa vez seja diferente, pois, como dizia o próprio Marx, a história se repete primeiro como tragédia, e depois como farsa.

3 comentários:

Nelson Barretto disse...


Muito bem observado: Hoje, a Petrobras continua financiando uma “campanha de agitação e subversão”, ao bancar os invasores do MST, por exemplo.

James disse...

Muito bom comentario Sr. Sepulveda. A corrupcao petrolifero Chavista e Petista ja e quasi a mesma coisa. Poder-se-ia, vem da mesma tinta preta.

Aqui nos EUA, o Obama tem menos vergonha ainda do que Dilma e Lula tem. Mudou abertamente, e numa maneira completamente illegal, o seu programma de saude "Obamacare" mais de 30 vezes. Esta destruindo agronegocio Americano em nome da ecologia, numa maneria parecida como o "Codego Florestal" do Brasil.

Nilo Fujimoto disse...

Estatismo sinônimo de aparelhamento político-ideológico.