segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Socialismo, a meta escondida que se revela

Socialismo, a meta escondida que se revela
Já mencionei aqui a importância do rumo traçado pelo PT no seu 3º Congresso, recentemente realizado.

Ao contrário do que muitos esperavam - talvez por otimismo ou desprevenção - o PT no mencionado Congresso voltou a colocar como meta programática o socialismo. Tudo sob o comando de Lula. Esse "socialismo do séc. XXI" de que tanto falam Chávez, Evo Morales e outros (leia O homem do partido e o partido do homem) .

Para sinalizar essa volta programática para o socialismo, o PT decidiu aderir, ainda no dito Congresso, à campanha pela reestatização da Vale do Rio Doce. Vale que se tornou símbolo do êxito do processo de privatização e do regime de propriedade privada.

Lula passa a comandar o ataque à Vale
Lula em sua técnica camaleônica de esconder as verdadeiras metas de sua orientação política, logo afirmou que a adesão do PT à campanha de reestatização da Vale "não era para valer". Mas era, sim, como também pude comentar aqui (leia MST e governo: cumplicidade malfazeja).

E continua a ser!

Agora é o próprio Lula que dirige os ataques à Vale, deixando assim a nu que o sonho petista do socialismo está vivo. Só ficou escondido enquanto as circunstâncias o exigiram. No atual contexto sul americano, Lula começa a arrancar a máscara.

Há dias, em entrevista à televisão, o mesmo Lula que negava a adesão a qualquer ideologia, se disse com fortes tendências socialistas. E não há verdadeiro socialismo sem aniquilamento da propriedade privada. Ainda estamos assistindo aos primeiros passos de uma caminhada, mas que visa ir até lá.

Propriedade e função social
Carlos Alberto Sardenberg, em artigo para o jornal O Estado de S. Paulo (10.dez.2007) analisa o viés socializante que vai adquirindo a política econômica do governo Lula.

Sardenberg ressalta o excesso de burocracia que entrava os negócios e ainda desfaz o mito da função social da propriedade, o slogan com que a esquerda pretende cercear o direito de propriedade, antes de extingui-lo.

Claro, não quero aqui negar que a propriedade tenha uma função social, ela o tem. Mas não o que a esquerda apresenta que é uma função social que mata o próprio direito de propriedade.

Não parece, mas está aí
Vamos, pois, aos trechos mais importantes do artigo De bronca com o capital:

  • O presidente e seus colaboradores têm dito que a Vale “escalpela” o Pará e não dá nada em troca, que investe mais no exterior do que no Brasil e que deveria exportar mais produtos acabados e menos matéria-prima.

    As críticas tanto incomodaram que Agnelli se apressou a marcar reunião com o presidente Lula para relatar a atuação da companhia. Isso foi há três semanas e não adiantou muito. Lula voltou às críticas na última quinta-feira, em evento no Pará, ao lado da governadora Ana Júlia, que também se queixa e quer mais apoio da Vale ao Estado.

    No dia seguinte, Agnelli defendeu-se publicamente. Disse, por exemplo, que a Vale é a empresa privada que mais investe na infra-estrutura nacional, referindo-se a portos, ferrovias e rodovias que a companhia opera ou dos quais participa. Também apresentou suas próprias reclamações. As empresas que pretendem investir no Brasil, comentou, precisam ter garantias de que não sofrerão invasões ou agressão às suas instalações e a seus trabalhadores. A Vale tem sofrido com isso - invasões de índios, do MST e de outros movimentos -, com a, digamos, compreensão de autoridades.

    Lula confunde a Vale com uma estatal. Trata-a como se fosse a Petrobrás. ....

    A bronca de Lula parte de outro ponto de vista, aquele expresso no pensamento econômico do PT, em documentos pré-governo. Entre outras coisas, sustenta que a propriedade e, pois, a empresa só são legítimas se cumprirem função social. Parece bonito, mas o que é função social? Dar emprego para os companheiros? Dar dinheiro para os governos amigos? Pagar mesadas aos movimentos sociais? Gastar recursos em atividades que não têm nada que ver com a empresa, para apoiar determinados grupos e interesses ditos coletivos? ....

    Na verdade, a regra do jogo é simples: cabe ao governo regular o ambiente de negócios, mas de modo a garantir a propriedade privada, preservar a competição e garantir que o investidor receberá os resultados do seu empreendimento. Sem isso não há desenvolvimento. ....

    Nos documentos antigos do PT, alguns escritos por Guido Mantega, como Um outro Brasil é possível, aparecia uma visão claramente intervencionista. ....

    Essa visão simplesmente foi deixada de lado na era de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda.

    Mas foi voltando aos poucos com Guido Mantega e na medida em que este vai pondo seu pessoal no comando da administração econômica. Por toda parte se vê a vontade do governo de intervir. ....

    Nos diferentes setores, encontram-se empresários e executivos se queixando das regras e das normas excessivas que atrapalham, burocratizam e encarecem seus negócios. ....

    Tudo isso - as invasões de que se queixam Agnelli e tantos outros executivos e os abusos contra a propriedade privada - cria um ambiente ruim. Não parece, mas está aí.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Já foi comentado aqui no seu blog sobre a carga tributária brasileira, as similaridades entre Lula e Chávez, e neste post de hoje "Socialismo, a meta escondida que se revela", remete-nos a outros artigos que trazem todo um processo de "costurar" procedimentos, posturas, declarações "singulares" do governo Lula.
No mesmo viés temático cito a criação da TV pública. O governo gastará 1 bilhão na referida Tv, que vai é fazer propaganda dele. Mais, usará dinheiro que virá da CPMF para cobrir sua parte no PAC, ou seja poderá tocar obras que renderão votos.
Mais, Imaginem o apedeuta com essa disposição, quando se vê contrariado e com a TV pública na mão. E a TV não será para os pobres, mas para os ricos, para o governo, para dar empregos aos seus apaniguados.
Tasso Jereissati(PSDB-Ce) teceu críticas sobre isso."Com A TV pública na mão, toda vez que for contrariado, o presidente Lula a usará para fazer pregação contra os senadores."
A oposição realmente está a fazer "oposição"? Critica-se e com razão a falta de coesão do PSDB que está um tanto descaracterizado, mas alguma coisa aproveita-se dos mais lúcidos.
(Outro ponto: Não é similar haver uma canal de televisão como no país de Chávez _ pero que há más de una).
Bom, se estão ou não estão fazendo oposição, o que interessa é lembrar que os impostos existem por causa de GASTOS. Alguns políticos estão cientes disso e fazendo sua lição. E uma parcela dos brasileiros está hoje interessada em saber aonde vai o dinheiro que repassa ao governo.
Para fechar, o panorama é de festança fiscal, melhor diria de gastança geral irresponsável ou mal feita.
Resta-nos permanecer vigilantes e não cair em raciocínios de "camaleões", além de constatar que o panorama é vasto, muito vasto, assim como a gigantesca carga tributária.
Uma última coisa: há uma técnica e estratégia por parte dessa gente do Lula que faria Maquiavel parecer um néscio. Vigilância com essa gente.
Saudações