quinta-feira, 10 de abril de 2008

Salvar Ingrid Betancourt ou salvar as FARC?

Salvar Ingrid Betancourt ou salvar as FARC?
Diante da brutal e taxativa recusa das FARC em aceitar a missão médica francesa que se deslocou à Colômbia, para dar assistência médica a Ingrid Betancourt e a outros três reféns com saúde bem precária, esta foi obrigada a retornar a seu país.

O Presidente colombiano, Álvaro Uribe, anunciara a suspensão das operações militares no sudeste do país, a fim de permitir o desenrolar da missão médica francesa, apoiada pela Espanha e pela Suíça.

Nicolas Sarkozy, qualificou a "recusa uma grave falta política, além de uma tragédia", segundo informou o jornal El Tiempo de Bogotá (8.4.2008).

Dias antes, em discurso televisionado, o Presidente francês dirigira um apelo às FARC e a seu chefe, Manuel Marulanda, para que libertassem sem condições a ex-senadora. Sarkozy lembrou ainda que caberia única e exclusivamente às FARC a responsabilidade pela eventual morte da refém.

"Frente a essa situação, senhor Marulanda, o senhor precisa atender aos apelos da França e da comunidade internacional. Basta uma decisão sua para salvar a vida de uma mulher. Liberte Ingrid".

"Humanitarismo" e o terrorismo das palavras

Os apelos foram em vão. A recusa das FARC é o exemplo mais cruel de como as FARC tratam e consideram os seqüestrados: massa de manobra para suas chantagens políticas sobre a Colômbia e seu governo legítimo.

Não há um pingo de humanitarismo nos terroristas de esquerda, que, entretanto, não se cansam de falar em "solução humanitária".

Estes apelos "humanitários" fazem parte da própria operação terrorista.

O terrorismo, na verdade, não se limita à atuação bélica e criminosa das FARC. Há, para além disso - e, quiçá, bem mais perigoso - um terrorismo verbal, que deturpa fatos, altera conceitos, manipula palavras.

Tal operação terrorista é levada a cabo, antes de tudo pelas FARC, mas é coadjuvada por seus colaboradores, ativos ou passivos, como Hugo Chávez, Rafael Correa, Lula, etc. E muitas vezes a mídia não é alheia a tal operação.

Por isso se assiste a uma verdadeira inversão de valores.

Salvar as FARC

Em Paris, há dias, em uma marcha que pedia a libertação de Ingrid Betancourt, a presidente argentina, Cristina Kirchner, uma vez mais aproveitava para pressionar Uribe a aceitar as condições da guerrilha marxista.

Curiosamente, as FARC, as únicas criminosas e culpadas pelo seqüestro, são poupadas. Aliás, Cristina Kirchner sabe bem a quem serve! Afinal precisa retribuir os 800 mil dólares (dinheiro sujo) de colaboração que o verdadeiro patrono das FARC, Hugo Chávez, fez a sua campanha eleitoral.

Na mesma linha vão as declarações do marido de Ingrid Betancourt, Juan Carlos Lecompte, ao jornal O Estado de S. Paulo (2.4.2008). Lecompte esteve no Brasil, a convite do Partido Verde, e veio pedir a entrada de Lula nas negociações pela libertação de Ingrid.

A quem se dirigiram suas críticas? Às FARC, que seqüestraram e há anos torturam e maltratam a ex-senadora colombiana? Não! Criticou apenas o Presidente Uribe, por não ceder ante a chantagem do grupo terrorista.

Para ele, o Presidente, deveria estar disposto a desmilitarizar o território colombiano indicado pelas FARC, exigência da guerrilha para que se possa fazer algum "acordo humanitário".

Como vêem é sempre a mesma lenga-lenga: submeter todo um país e seu governo legítimo a uma chantagem político-militar das FARC, para fazer algum "acordo humanitário". Ou seja uma solução entreguista e uma capitulação diante do terrorismo. As FARC, em nome de um "acordo humanitário" dariam um passo fundamental para a tomada do poder pelas armas.

Por isso me pergunto: estas pessoas a quem querem na realidade salvar? A Ingrid Betancourt ou às FARC?

Libertação incondicional: única solução aceitável

Ora, é bom recordar, que Ingrid Betancourt foi seqüestrada exatamente devido a estas políticas capitulacionistas dos anteriores presidentes colombianos. As FARC tinham obtido um território desmilitarizado, e gozavam de ampla margem de manobra para consumar seus crimes, inclusive controlando largas dezenas de municípios onde o poder do Estado não tinha mais voz nem vez.

A ex-senadora, ligada à esquerda política, pretendeu demonstrar que as FARC não constituíam um verdadeiro perigo e que com elas era possível manter o diálogo. Por isso, desrespeitando todas as advertências das autoridades militares, decidiu entrar em território controlado pelos terroristas.

O longo calvário de seis anos, sob torturas físicas e psicológicas, nas mãos das FARC, constitui o mais assombroso desmentido a suas convicções "pacifistas" em relação ao terrorismo.

As FARC são uma organização terrorista e narco-traficante, de ideologia marxista, única responsável pelos atos criminosos do seqüestro de Ingrid Betancourt e dos mais de 700 reféns que, com ela, sofrem as agruras extremas do cativeiro.

Só uma solução é aceitável: a libertação incondicional de todos os reféns pelas FARC.

Indecência diplomática

Como não podia deixar de ser, Lula tinha que meter a sua colher. E, é claro, para pressionar o Presidente Uribe, desejando no mais breve prazo possível "uma solução humanitária que permita a pronta libertação dos reféns", segundo informa O Estado de S. Paulo. Em nota oficial, o Presidente ainda afirmou a convicção "de que é urgente salvar todos aqueles que se encontram em situação de risco extremo de vida".

As declarações de Lula, uma vez mais, revelam a indecência política que rege a atual diplomacia "companheira".

Porque Lula, em vez de pressionar Uribe, não exigiu que as FARC libertem incondicionalmente todos os reféns? O que Lula considera "solução humanitária"? Uma solução que ceda às exigências da guerrilha? Por que só falou da necessidade de salvar todos aqueles que estão em situação de risco extremo de vida? Os outros poderão permanecer seqüestrados e continuar a ser torturados?

É isto que qualifico de "terrorismo das palavras".

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4 comentários:

Anônimo disse...

Sepulveda

Novamente parabéns.
Colocou o dedo na ferida: ninguem ataca a FARC, a causa de tudo.
E também, o pior está no terrorismo verbal para manipular as mentes.
Como sempre, o Lula nunca sabe de nada.

Anônimo disse...

Caro Sepúlveda
O terrorismo verbal não é monopólio das FARC mas de todos aqueles(muito bem mencionados) que são coniventes com os horrores perpetrados por ela. Ora, todos os citados em seu post fazem terrorismo verbal porque como bem disses, deturpam fatos, distorcem a realidade e misturam valores, subvertendo-os.
Veja o resultado a que chegou-se. Até hoje, nada de libertação de Ingrid Betancourt e prossegue essa estranha ópera bufa, estarrecedora.
Saudações
Therèse

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