sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Desgovernada e a serviço de camaradas ideológicos

Desgovernada e a serviço de camaradas ideológicos


A assertiva de um porta-voz da Chancelaria de Israel, qualificando o Brasil de “gigante econômico mas de anão diplomático” acabou por gerar bastante controvérsia.

Vista como uma reação “desproporcional” às posturas diplomáticas unilaterais do Brasil na condenação a Israel, a formulação contundente do porta-voz israelense teve a capacidade de despertar a ira (nada diplomática) de Marco Aurélio Garcia, o Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais e mentor ideológico de uma diplomacia cada vez mais questionável.

Diplomacia facciosa
Vozes abalizadas – entre as quais a do Embaixador Rubens Barbosa – têm chamado a atenção para o fato de que o PT vem subjugando e eclipsando o Itamaraty, em prol de uma diplomacia moldada pelos quadros e pela ideologia do partido.

Outrora cercada de prestígio, a diplomacia brasileira, habitualmente equilibrada e voltada para a busca de soluções pacíficas, está se tornando facciosa.

“A vida de alguns inocentes pode ser mais importante que a de outros? Pela mentalidade do governo brasileiro, sim. Se os assassinos nutrem a mesma linha ideológica, não há nada a dizer”, ressaltou a revista Veja em seu artigo Crime de Putin? Azar das vítimas – Sangue em Gaza? Culpa só de Israel (30.jul.2014).

Apagão moral
Ao longo destes doze anos de domínio do PT, múltiplos episódios macularam o prestígio diplomático do Brasil. Seria a bem dizer infindável o elenco de atitudes que demonstram que “nossa política externa, além de tosca, sofre de um apagão moral em que deixou de agir por princípios universais de defesa da paz e dos direitos humanos, rendendo-se a conveniências ideológicas do partido no poder” (A indignação seletiva, Veja, 30.jul.2014).

A aventura em Honduras, a reboque do Caudilho Hugo Chávez, que levou à transformação da Embaixada brasileira no QG da patética resistência de Manuel Zelaya às medidas institucionais que o afastaram do poder, quando tentava, com ajuda externa, subverter a ordem constitucional do País, é apenas um dos exemplos.

A desastrada e agressiva intervenção em assuntos internos do Paraguai, para, de mãos dadas com o regime venezuelano, tentar reverter o legítimo e constitucional afastamento do presidente Fernando Lugo, e a subsequente suspensão arbitrária do Paraguai do Mercosul, bem como a inclusão ilícita da Venezuela no bloco, é apenas outro exemplo.

Poder-se-iam listar aqui as cumplicidades com regimes ditatoriais, como o de Cuba ou do Irã, ou o favorecimento diplomático de grupos terroristas, como as FARC e agora o Hamas.

Degringolada
Em dias recentes, a gritante contradição entre o silêncio plúmbeo em face da criminosa derrubada do avião da Malaysia Airlines, por separatistas pró-russos a mando de Putin, e a invectiva contra a “desproporcional” reação de Israel em relação aos ataques com mísseis, levada a cabo pelo grupo terrorista Hamas, que controla Gaza, foi apenas mais um passo na degringolada diplomática, comandada pelo PT.

O jornal O Globo, em editorial, destacou o conceito primordial que norteia a diplomacia lulo-dilmo-petista: “Faz-se tudo aquilo que contraria a política externa americana”.

“A política externa é uma das que mais foram alteradas desde que o PT chegou ao Planalto, em janeiro de 2003 – diz ainda o referido editorial. Ficou visível que o Itamaraty como instituição deixou de ter peso nas decisões, ao mesmo tempo em que uma visão de mundo condicionada por um nacionalismo de esquerda, antiamericanista, do pós-guerra, passou a ser preponderante. Foram engavetadas características da diplomacia profissional: a busca pelo equilíbrio, a não intervenção em crises políticas de outros países, o bom relacionamento com americanos e europeus, sem se afastar do mundo emergente” (Diplomacia partidarizada sob encomenda, 29.jul.2014).

Elefante desgovernado
Vinícius Mota, colaborador do jornal Folha de S. Paulo, recorreu à obra do “Fausto” de Goethe, para traçar resumidamente o desgoverno da atual diplomacia brasileira, a serviço dos camaradas ideológicos. É desse sugestivo artigo que convido os leitores do Radar da Mídia a tomar conhecimento. Sob o título, Elefante desgovernado, diz ele:

  • " No segundo livro do "Fausto", Goethe apresenta logo no ato inicial uma rica alegoria do governo. Ele figura como um elefante peculiar, que desfila no cortejo carnavalesco do palácio imperial.

    Sentada no pescoço do bicho, a conduzi-lo, vai a Prudência. Ao lado caminham dois seres acorrentados, a Esperança e o Medo. No lombo do paquiderme, de pé e com as asas abertas, desfila a Vitória.

    O Medo é paranoico, em tudo enxerga conspiração e malícia. A Esperança, ao avesso, é de uma ingenuidade extrema. A Prudência regozija-se de os ter posto a ferros. São "dos piores inimigos do homem". E assim o bom governo pode seguir, "passo a passo, calmo e rijo".

    No elefante da política externa brasileira, não está montada a Prudência. Medo e Esperança estão soltos, a disputar o controle do animal. A Vitória despencou.

    A nota do governo Rousseff que condena as centenas de mortes de civis causadas por Israel em Gaza sem criticar o terror homicida do Hamas é um rebento recente daquela desarmonia. Não é o único em quase 12 anos de gestão petista.

    Na Presidência, Lula deu declarações pusilânimes a favor do regime iraniano, que reprimiu barbaramente manifestantes em 2009. Fez troça dos opositores que apanhavam, eram presos e morriam, ao comparar o acontecimento com uma rivalidade entre torcidas de futebol.

    Sob Dilma, o Itamaraty escreveu uma página lamentável de sua história ao desprezar a deposição constitucional do aliado Fernando Lugo, no Paraguai. Suspendeu o país do Mercosul e incluiu a Venezuela chavista, à revelia de Assunção.

    O temor dos "ianques" e de outras potências democráticas serve de guia. A seu lado, a candura de acreditar que "outro mundo é possível" tendo como aliados a ditadura chinesa, o autoritarismo russo, o totalitarismo islâmico e o populismo latino-americano faz o elefante serpentear. "

2 comentários:

Paulo Roberto Campos disse...

É triste observar que todo o glorioso passado do nosso Itamaraty -- outrora orgulho de todo brasileiro e que causava admiração ao mundo inteiro -- vai-se escorrendo pelo fétido ralo lulo-dilmo-petista!!

Com tal "diplomacia" suicida, não é sem razão que o Brasil encontra-se no 7 x 1. Inflação = 7. Pib = 1...

edmilson disse...

fico observando todos os comentarios politicos durante este governo, e fico pensando quando alguem, ou algum grupo , ou sei la quem, vai tomar uma atitude, ou será que as pessoas de bem, vão ter que ficar engasgadas e aprisionadas diante de tantas barbaridades deste governo hipócrita e corrupto.