Há muito se nota o crescente desprestígio do mundo político junto ao eleitorado. Os políticos empreendem um enorme esforço para conquistar o voto e depois, pura e simplesmente, dão de ombros para aqueles que os elegeram.
Percebe-se facilmente que o jogo político, após qualquer eleição, passa a ser um jogo de interesses pessoais, de troca de favores, em que o mundo político age como uma casta que decide os destinos do País a seu bel prazer, sem se importar muito com o interesse coletivo. O contrário do próprio conceito de Democracia representativa.
O troca-troca partidário, o aparelhamento da máquina pública pelo partido do governo, a falta de oposição séria e efetiva, a falta de coerência, tanto do governo quanto da oposição, em relação a suas posições programáticas, são falhas insanáveis para um regime dito democrático.
O jornal Zero Hora (24.set.2007), em seu editorial O papel da oposição, coloca o dedo na chaga:
- "São igualmente antidemocráticos tanto os governos que tentam liquidar as oposições quanto estas quando agem radicalmente para inviabilizar os governos legítimos. Também é nocivo para a democracia que partidos se comportem de maneira contraditória e incoerente, confundindo o cidadão e desvirtuando o próprio papel. Não são raras as agremiações partidárias que, quando no governo, adotam determinadas posturas, medidas e iniciativas contrárias às teses que sempre defenderam na condição de oposicionistas. Esse oportunismo escancarado ofende o cidadão, que sente-se traído ao ver seus representantes negarem princípios que uma vez defenderam.
Compreende-se que o jogo político exija certa flexibilidade dos homens públicos, especialmente de governantes que dependem das chamadas coligações para governar. Mas há limites que não podem ser ultrapassados, sob pena de provocar descrédito na sociedade. Nesse contexto entra a questão da fidelidade partidária. Como um eleitor vai respeitar um representante que usou o seu voto prometendo defender determinadas posições e, sem consultá-lo, passa a vestir a camisa de outro partido de linha ideológica completamente diversa?
Os mandatos são dos eleitores e não dos eleitos. Da mesma forma como os cargos de poder devem ter apenas ocupantes temporários e não donos. Por isso é importante o papel fiscalizador da oposição. Se, de um lado, o aparelhamento do Estado por um partido ou uma frente de partidos configura claramente o uso indevido do poder por parte de quem o detém transitoriamente, de outro lado, a inviabilização irracional do governo por quem está na oposição representa uma prática indevida e não-democrática".
Um comentário:
Concordo contigo e com a Zero Hora! A política tem de mudar urgente (a forma como é feita). Mas os eleitores tem que fiscalizar mais...
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