Em pouco tempo o Brasil foi submetido a dois choques de sentidos diversos. Um deles, benéfico e positivo, proveio do Supremo Tribunal Federal, quando acatou as denúncias de peculato, corrupção ativa e formação de quadrilha por parte dos chamados mensaleiros. O outro, de sentido altamente negativo, foi dado pelo Senado na sessão secreta que absolveu Renan Calheiros.
Reações contraditórias perpassaram a opinião pública: uma de alento e de esperança, outra de desânimo e de descrença. Tem-se a impressão de que dois modelos de Brasil disputam a cena. Sob o título Dois Brasis em confronto, a revista Época (17.set.2007) comenta a propósito:
- "Numa votação secreta e viciada, o plenário do Senado resolveu ignorar a pressão da sociedade e a força das evidências apresentadas contra Renan.
A votação foi um choque negativo no combate à impunidade no Brasil. Aos olhos da sociedade, o Senado ficou menor. ....
O choque negativo que vem do Senado contrasta extraordinariamente com o recente choque positivo oriundo do Supremo Tribunal Federal. .... Para a socieade tal ação foi um alento, um sinal de que é possível combater a corrupção e imaginar um Brasil mais transparente e ético em matéria de política. Duas semanas depois, o painel de votação do Senado traz a mensagem oposta. ....
É como se houvesse, nos exemplos do STF e do Senado, dois Brasis em confronto. De um lado, um 'Brasil A' que quer avançar, se modernizar, sair da periferia rumo ao centro do mundo. Do outro, um 'Brasil B' atrasado, representado pelos mensaleiros, pelos senadores mentirosos. .... Esses dois Brasis são antagônicos e não podem conviver. Qual deles triunfará é uma questão fascinante".
5 comentários:
A revista Veja(05.09.2007) estampa na capa a personalidade notável do ministro negro Joaquim Barbosa que com preciosismo explanou e clareou indubitavelmete o "mensalão"e propriciou um verdadeiro "banho" na sujeira escamoteada nos amigos muito próximos do presidente Lula. Tristemente, duas semanas depois temos na capa, a figura patética e desprezível de um "senador" que não está a altura de seu cargo que foi absolvido das acusações. Sim, absolvição forjada, mas diante da nação não foi inocentado tampouco "lavado" de suas falcatruas. Realmente, dois procedimentos, dois desdobramentos, díspares, dissonantes que nos remetem a realidade. O transparente como foi o STF e o oculto como foi o Senado(deplorável).
Oi obrigada pela visita!! Concordo contigo, a diferença é incrível entre o Senado e o STF. Mas agora, temos que nos ater aos Ministros novos que foram nomeados para julgar os famosos "mensaleiros", como o Dr.Carlos Alberto Direito que é amigo do Roberto Jefferson e já trabalharam juntos (foi publicado na veja tb)!
Coloquei o link do teu blog no meu!!! abraços
José Carlos,
Sem dúvida, o Supremo Tribunal Federal foi impecável em sua recente decisão contra os mensaleiros. Aliás, aquela Corte deveria aplicar, sempre com a mesma conduta, às respostas que a sociedade clama – e não é de hoje – por uma política mais ética, mais transparente, buscando mudar o triste quadro nacional, quando o assunto é política.
Já por sua vez o festival de maus exemplos ensinados pelo Senado Federal e suas lideranças – que lideranças? – deu sim o contraste que você muito bem destaca, de dois “brasis”.
O problema é que, por contingência dos interesses espúrios e de uma péssima formação cultural, os nobres – mais nem tanto – políticos brasileiros estão, cada dia mais, atrelados a interesses pessoais e de grupos, ao invés de defender a causa pública, para a qual foram eleitos.
Isso mostra que esses senhores se distanciam cada dia mais do povo, do eleitor, enquanto o serviço público se deteriora e a população acaba perdendo o poder do voto dado em confiança, assim como uma procuração em branco, com validade para quatro anos.
Diante dessa falta de interesse político por um país melhor, arvoram-se em tirar proveitos pessoais, onerando o erário, denegrindo as instituições, fortalecendo bandos e/ou quadrilhas como bem definiu o STF, no recente julgamento do mérito contra os mensaleiros.
Portanto, o “Brasil B”, dos maus políticos, investe sua força – como no episódio Renan – para manter o sistema do jeito que está, em que apostam no “quanto pior, para eles é melhor”, deixando a população atônita, enquanto milhares de pessoas morrem nas filas hospitalares Brasil afora por falta de assistência.
Ou, morrem pelas mãos de marginais que se proliferam feito praga em terra sem lei e sem ordem. Enfim, o Brasil está precisando de um choque de moralidade, a começar pela Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Se, ao menos, o Supremo Tribunal Federal continuar sinalizando que está do lado da lei e da ordem, o povo brasileiro ainda terá esperança em mudar esse quadro triste da vida nacional. Caso contrário, só com o templo e com a renovação dos representantes políticos, através de novas gerações. Para isso, demandaria tempo: de duas a três gerações. É muito tempo!
Finalizando – e me desculpando pelo tamanho do post -, a esquerda está articulando para encerrar com as atividades do Senado Federal brasileiro. Ora, com tantos assuntos mais prioritários para se debater em defesa do nosso povo, a esquerda reinante, busca falar de conveniências e interesses outros que nem sempre são claros à sociedade. Afinal, o Senado Federal é uma instituição de 181 anos, sendo que os últimos cinco foram os piores de toda a sua existência.
Não se pode julgar o Senado por esta gestão insana que se apoderou daquela que se dizia à Casa do Povo. Por que agora, justamente quando a esquerda assume o poder, buscar fechar a Casa do Povo? Entranho. Muito estranho não é mesmo? / Abs
Postei algo no meu blog sobre o Ministro do Supremo!! Sobre acabar com o Senado...sinceramente não creio ser uma jogada da "esquerda?", é questão de lógica, cada senador gasta em torno de R$33,1 milhões por ano, grana preta!! Eu cheguei a pensar na possibilidade e olha que não sou da esquerda, muito pelo contrário sou declarada de direita!
Interagindo com o comentário da TITA
Tita, você tem razão quando diz que os senadores gastam muito. Sem dúvida eu também concordo com você. Muita coisa precisa ser revista e colocada no seu devido eixo.
Mas, não acredito ser esse o momento ideal para se discutir o fechamento de uma instituição de 181 anos. Afinal, o Brasil está passando por um momento de forte expectativa em relação à esquerda no poder.
Como a esquerda vem dando ares de voracidade, como bem tem demonstrado Hugo Chávez, Evo Morales, entre outros e o Brasil não está fora desse contexto, é de se pensar – e com preocupação – sobre todo e qualquer ato que venha desse segmento.
O governo tem que se preocupar no momento, e com urgência, em dar um melhor direcionamento nas suas próprias despesas, que estão na estratosfera.
O mesmo vem acontecendo com esses chamados “movimentos sociais” – MST e uma infinidade deles – que recebem recursos públicos e não presta conta com a sociedade; com cartões corporativos diretamente ligados à Presidência e que não são fiscalizados e por tudo o mais que diariamente a imprensa registra.
Para finalizar, veja o caso da saúde pública, que está uma verdadeira aberração. Alagoas estava precisando de verba para resolver o caos no Estado e, no entanto, o governo não abria o cofre para salvar vidas. Isso é uma vergonha.
No entanto, para o Pan, cuja previsão inicial era gastar em torno de R$ 500 milhões; gastou-se – pasmem! – R$ 4,4 milhões. Enfim, acho que antes de fecharmos o Senador Federal por problemas de incompetência legislativa – e quem sabe depois, eles queiram fechar também a Câmara dos Deputados, como fez o Fujimori? – é preciso primeiro o governo dar o exemplo, cortar os excessos, extirpar os abusos e sinalizar para a sociedade que, realmente, quer um Brasil melhor, com um governo dinâmico, competente e transparente. Tudo o que não temos, por enquanto.
Todo cuidado é pouco. / Abs
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