segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Cinismo democrático

Cinismo democrático
O mundo tomou conhecimento das "mudanças" em Cuba, após a renúncia de Fidel Castro. Continuismo, com Raul Castro no comando e Fidel nos bastidores.

"Fidel é insubstituível" afirmou Raul em seu discurso de posse, e continuará a ser consultado nas decisões mais importantes.

O novo presidente afirmou ser necessário, para garantir a invulnerabilidade da revolução, fortalecer o Partido Comunista, "único heredeiro digno" de Fidel. Tudo dentro do socialismo, pedra angular da revolução.

Com a perpetuação nos cargos dirigentes, a velha guarda permanece no poder.

Povo cubano "decidirá" o futuro
O jornal Juventud Rebelde, órgão da Juventude Comunista, admitiu que na Ilha haverá reformas, mas advertiu que "o que se muda, quando se muda e como se muda é assunto exclusivo daqueles que fizeram a Revolução e dos que hoje em dia a mantêm viva".

É esta imposição ao povo cubano, da parte "daqueles que fizeram a Revolução", que o Presidente Lula - no que eu chamo de cinismo democrático - qualifica de o povo cubano decidir o seu futuro, sem interferências.

Há uma coisa que não consigo entender. Como ainda há gente que acredita, sinceramente, que Lula mudou e é um democrata?

Lula simula apoio à democracia política
Em seu projeto de poder, Lula está apenas acuado por uma situação política, social e econômica complexa e adversa.

A classe média, em boa medida, se afastou e recusou suas aventuras ideológicas. Os que nessa classe ainda o apoiam, o fazem mais por vantagens imediatas de uma situação econômica favorável.

Nas classes pensantes e dirigentes, cresce a recusa ao Presidente e a seus planos autoritários. E até mesmo, entre a intelectualidade esquerdista (de vários matizes) Lula perdeu apoio.

Entre as camadas menos instruídas e com menos recursos, beneficiadas pelo Bolsa Família e outras benesses, o Presidente encontra um apoio imediatista e desinformado, jamais um apoio ideológico.

Só uma minoria engajada, continua a apoiar fervorosamente a meta ideológica (escondida) do PT e do Presidente.

Pela necessidade de contemporizar, na esperança de reverter este quadro profundo, Lula simula um apoio ao regime de liberdades, dito democrático. Mas, quando pode, acena com suas convicções autoritárias de esquerda e, por vezes, tenta impingi-las ao País.

Competência e caráter de um tirano
É fácil constatar. O apoio que Lula dá a Fidel Castro e a seu regime comunista é inequívoco. Para Lula, Fidel é o único mito vivo da humanidade, mito construído - ainda segundo o Presidente - à base de muita competência e muito caráter!?

Sim, a "competência e o caráter" de um tirano, assassino, perseguidor de inimigos políticos e religiosos, que reduziu Cuba a uma das misérias sociais e morais mais abjetas e prolongadas no Ocidente.

Lembrem-se, como diz o ditado, o pior cego é aquele que não quer ver. Fidel, há quase cinqüenta anos, também falava em nome da democracia e das liberdades. E foi só ter oportunidade que se apressou a instaurar sua ditadura comunista.

Lula, um amante da revolução cubana
O jornal O Estado de S. Paulo (20.fev.2008), em um caderno especial dedicado à renúncia de Fidel Castro, estampou matéria sobre as reações de Lula ao fato, intitulada Para Lula, Fidel é mito vivo da história. As declarações do Presidente são reveladoras do cinismo democrático que anima sua atuação política:

  • "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, mesmo com sua renúncia, o líder cubano Fidel Castro segue sua trajetória como “o único mito vivo da história da humanidade”. Sem esconder a emoção - ao lembrar da amizade com Fidel e de sua identificação com a revolução cubana - Lula disse que agora cabe ao povo cubano decidir qual será o futuro de seu sistema político.

    “Fidel é o único mito vivo da história da humanidade e acho que ele construiu isso à custa de muita competência, muito caráter, muita força de vontade e também de muitas divergências, ou seja, muita polêmica”, disse o presidente ....

    Na avaliação de Lula, o fato de Fidel ter tomado a decisão de se afastar permite que todo o processo de transição do governo transcorra de forma tranqüila. “O Brasil está satisfeito. Que seja assim, um processo muito tranqüilo. O que nós temíamos era uma situação adversa, que isso acontecesse em um sistema turbulento, em que os cubanos de Miami tentassem achar que já era dia de voltar para Cuba e transformar Cuba num território de conflito”, afirmou. ....

    O presidente aproveitou para elogiar o irmão de Fidel, Raúl, que comanda o governo interinamente desde 2006. Disse que comanda as Forças Armadas desde a tomada do poder pelos revolucionários, como muita experiência e “uma visão de mundo muito importante.” ....

    Ao comentar que Fidel escreveu quatro artigos no jornal comunista Granma sobre o encontro que tiveram, Lula lembrou a amizade de 23 anos com o líder cubano. “Sou da geração que se transformou em amante da revolução cubana”, acrescentou.

    Emocionado, Lula lembrou o apoio que recebeu de Fidel ....

    O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP) observou que a renúncia indica que a transição do poder em Cuba está sendo feita de forma tranqüila. “Fidel é uma figura central e continuará sendo. Ele está produzindo a transição em vida”, disse o deputado."
Para finalizar, uma breve nota: muito se tem falado da corrupção, dos crimes perpetrados pelos "aloprados", etc. Tudo isso visa uma só coisa: um projeto de poder, autoritário e, no fundo, castrista!

Afinal, para os petistas, Fidel continuará a ser uma figura central.

Cadastre seu email aí ao lado e receba atualizações deste blog

2 comentários:

Paulo Roberto Campos disse...

Impossível não se indignar com o comentário de Lula, transcrito em seu Blog, sobre o “companheiro” Fidel Castro:
“Fidel é o único mito vivo da história da humanidade e acho que ele construiu isso à custa de muita competência, muito caráter, muita força de vontade e também de muitas divergências, ou seja, muita polêmica”, disse o presidente ....
Lula revela não conhecer a história de Cuba e nega a verdade reconhecida e documentada. É de conhecimento geral que Fidel “construiu isso” à custa de muito sangue. Sim, um rio de sangue: Fidel tem as mãos tintas com o sangue de 15 MIL cubanos que ele mandou executar, sobretudo fuzilados nos famosos “paredons” — tal cifra pode ser até superior, mas oficialmente é esta pelos registros históricos.
Para não extravasar aqui minha indignação com o presidente, devido a seu comentário tão asinino -- não só de Lula, mas de vários de seus companheiros --, apenas transcrevo abaixo um trecho da célebre obra “O livro negro do comunismo. Crimes, terror e repressão”, de autoria de Stéphane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis Panné, Andrzej Paczkowski, Karel Bartosek, Jean-Louis Margolin. Edição Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1999, 917 págs.
Diga-se de passagem, que tais autores são insuspeitíssimos, pois são de tendência esquerdista. Eles próprios revelaram que foram obrigados à fidelidade histórica ao escreverem tal livro, antes que a direita levasse a público os documentos sobre os crimes do regime comunista. Ai vai o prometido trecho:

“Poucos meses após dominar Havana, Fidel Castro decretou a Reforma Agrária, confiou o Instituto Nacional de Reforma Agrária a marxistas ortodoxos e ordenou a invasão das grandes propriedades agrícolas. Concomitantemente, começaram os massacres de burgueses e opositores.
Em 1964, os detidos trabalhavam quase nus em assentamentos ou em pedreiras. Como punição, deviam cortar erva com os dentes ou eram jogados em fossas de excrementos. Os guardas aplicavam-lhes pentotal e outras drogas. No hospital de Mazzora, recorriam a eletrochoques ou simulavam execuções. A prisão que deixou reputação mais terrível foi La Cabana. Em Boniato, presídio de alta segurança, reina a violência e crueldade. Certos presos políticos, para afastar os homossexuais, lambuzam-se com excrementos. Em outros cárceres, há jaulas de ferro e as mulheres são entregues ao sadismo dos guardas.
A repressão atualmente é dirigida pelo Departamento de Segurança do Estado. Participam também as Fuerzas Especiales do Ministério do Interior em colaboração estreita com a Dirección 5 e a Dirección de Seguridad Personal, guarda pretoriana do ditador.
20% dos cubanos estão exilados, o que representa cerca de 2 dos 11 milhões que constituem a população total. Desde 1959, mais de 100 mil cubanos passaram por campos de concentração ou por prisões, tendo sido fuzilados de 15.000 a 17.000".
Um abraço
Paulo R. Campos

Anônimo disse...

Um ditador que permaneceu quarenta e nove anos no poder só merece o nosso desprezo e repulsa.
Lembro-me, não faz tanto tempo, do caso de três cubanos que tentavam sair de Cuba em uma lancha e "el coma-andante" ordenou a morte dos três.
O que vêem nesse DITADOR transvestido de humanizado pela esquerda?
Suspeito que dentro da cabeça desses indivíduos possa haver massa encefálica, porque não é possível haver tanta "amnésia" para que el comandante seja paradigma de bom, eficiente, justo. Pelo contrário, Fidel é paradigma de horror, mortes, execuções, tudo em nome da ilha da fantasia e sua imbecilizante ideologia.