segunda-feira, 10 de março de 2008

Duplicidade diplomática

Duplicidade diplomática
Estou de volta ao Blog!

Após uma ausência involuntária, retomo os comentários que aqui costumo fazer.

Gostaria de abordar a crise que atingiu a América Latina, na última semana. Crise que alguns dizem estar encerrada, com o aperto de mão dos Presidentes na República Dominicana, na reunião do Grupo do Rio. Para mim essa crise ainda se prolongará.

Repúdio popular às FARC
O Presidente Álvaro Uribe, foi eleito com extrema popularidade (e reeleito), com uma agenda clara de acabar com o grupo narco-terrorista marxista das FARC. Uribe decidiu encerrar a política desastrosa de concessões à guerrilha, que afundou a Colômbia no caos durante décadas.

O repúdio da população aos terroristas das FARC e o apoio à política conduzida por Uribe teve, muito recentemente, uma demonstração sem igual. Mais de dez milhões de colombianos saíram às ruas, em muitas cidades, para dizer "Não às FARC".

Nossa imprensa (sempre imparcial!) não viu, ou distorceu o noticiário.

FARC buscam abrigo em países vizinhos
O grupo terrorista, sem qualquer apoio popular, foi sendo desmantelado militarmente e acuado passou a procurar abrigo em países (como Venezuela e Equador), em que os respectivos governos lhes deram apoio político e até militar.

Raul Reyes, o número dois da organização terrorista, tinha instalado há bom tempo seu sofisticado acampamento para direcção de suas acções criminosas, dentro do território equatoriano.

Foi aí que as Forças Armadas colombianas o atacaram e mataram.

E a soberania da Colômbia?
Iniciou-se uma gritaria diplomática contra o governo colombiano, pela "grave" violação da soberania do Equador. Como se a Colômbia tivesse atacado o país vizinho e seu povo, na intenção de estabelecer-se em seu território.

A gritaria foi reveladora. A agressão à soberania equatoriana era o pretexto; a razão verdadeira era o golpe certeiro ao coração do terrorismo, fato que desagradou a muitos.

Curiosamente, de Lula a Chávez, todos "esqueceram" as FARC e o escândalo de estas atacarem a Colômbia a partir do território de países vizinhos. Essa, sim, uma grave e periogosa violação da soberania.

Atitude diplomática dúbia
Lula, como sempre, quis aparecer como o grande líder regional, a voz da moderação. Mas a diplomacia conduzida por seu governo foi, uma vez mais, ambígua.

Enquanto clamava por uma diminuição das tensões, Lula apenas condenou a Colômbia, exigindo desculpas incondicionais do governo Uribe. Não faltaram também críticas aos Estados Unidos, como incendiários da situação. As FARC (terroristas) foram sistematicamente poupadas. Para Lula elas não são incendiárias nem violam a soberania... é isto que chamo de "cinismo democrático" (ver abaixo o post Cinismo democrático).

O assessor presidencial para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, em entrevista para o Le Figaro, de Paris, justificou a mobilização de tropas de Hugo Chávez e declarou que o governo brasileiro é "neutro" diante das FARC.

Não há neutralidade perante o terrorismo e seus crimes hediondos. Neutralidade só tem um nome: cumplicidade.

O lado B da diplomacia
A revista Veja (12.março.2008), em artigo intitulado O lado B da diplomacia, revela bem essa duplicidade de Lula e de sua diplomacia:

  • "No auge da crise Colômbia-Equador, enquanto o governo brasileiro se empenhava na tentativa de baixar a temperatura, o assessor da Presidência da República Marco Aurélio Garcia se esforçava para elevá-la. Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, o encarregado de Lula para assuntos internacionais elogiou o envio de tropas pela Venezuela e pelo Equador à fronteira com a Colômbia, fez cafuné nas Farc ao dizer que o Brasil não classifica a organização como terrorista, mas tem uma posição "neutra" em relação a ela, e cobrou (mais) desculpas de Bogotá pela invasão do território equatoriano. Ao deixar Marco Aurélio morder em público, enquanto assopra nos bastidores, Lula exercita seu conhecido estilo ambíguo: age pragmaticamente com correção, mas não deixa de fazer umas embaixadinhas para a platéia. Nesse caso, uma platéia nacionalista, castrista, chavista e simpática à narcoguerrilha, que tanto o presidente quanto Marco Aurélio conhecem muito bem.

    Em 1990, inspirados por Fidel Castro, Lula, então presidente do PT, e seu hoje assessor especial fundaram o Foro de São Paulo, grupo que reúne partidos e organizações latino-americanos de esquerda em torno de três ideologias: o antiamericanismo, o nacionalismo de cunho autoritário e a solidariedade à Cuba castrista. ....

    É fato que muitas das posições defendidas pelo Foro são adotadas em parte ou no todo por governos de esquerda no continente. O próprio governo Lula tem atitudes que sugerem a influência, em graus variados, dos radicais do Foro – esse "filho nosso", como Lula chamou a entidade no discurso que fez em 2005, em São Paulo, em comemoração a seus quinze anos de existência. ....

    A relação de Lula com o Foro, diz o sociólogo, é mais uma mostra da duplicidade de orientação que caracteriza a política externa brasileira, que tem como corolário uma série de "omissões vergonhosas" da parte do governo petista. Exemplifica Magnoli: "Por causa dessa política ambígua de Lula, o Brasil condena os seqüestros e assassinatos cometidos pelas Farc, mas não diz que a organização é ilegítima. Posa de mediador nas crises, mas não critica o fato de Chávez interferir na política interna da Colômbia nem repreende o uso de territórios da Venezuela e do Equador pelos guerrilheiros". "

Cadastre seu email aí ao lado e receba atualizações deste blog

2 comentários:

Anônimo disse...

Uribe comportou-se como um estadista na reunião do grupo do Rio, manteve sua postura e chegou a dizer a Rafael Corrêa que não viesse com esse cinismo nostálgico com que os comunistas se tratam. Além de ter eclipsado o "beiçola" de Caracas, o "indio fajuto" da Bolívia, o equatoriano cínico e um Ortega que voltou atrás. Foi estupendo o que ali ocorreu com a capacidade e inteligência de Uribe.
Ah! A imprensa brasileira, puxa vida! Essa é de causar náusea!Foi minimista, fajuta!
Ainda bem que o Apedeuta não foi( menos vergonha para os brasileiros)porque estava com a mãe do PAC,inaugurando obras, o palanqueiro de plantão.
Uribe entre outras coisas declarou que a Colômbia sofreu 40 ataques das Farc. Foi excelente!
Parabéns pelo post!
Thérèse

Anônimo disse...

Caro Sepúlveda!
A duplicidade diplomática brasileira é vergonhosa, não está sendo levada a sério como deveria, sempre aquela "conversa mole" e a IMPRENSA narra com total alienação e lamentável, por quê?
Esses indivíduos Marco Aurélio Garcia, Celso Amorim, Luis Inácio, e muitos outros, envergonham os brasileiros com seus disparates, além de substimarem nossa inteligência e raciocínio.
Saudações
Augusto