sexta-feira, 5 de setembro de 2008

"Grampogate" e a oposição frouxa e cúmplice

"Grampogate" e a oposição frouxa e cúmplice

O blog do jornalista Josias de Souza difunde hoje uma informação de alta temperatura política.

O País, como já tive oportunidade de analisar abaixo, está vivendo um grave momento político e institucional, do qual Lula tenta a todo o custo desviar os holofotes (leia Lula e a "transparência" obscura).

Diversas vozes se levantaram para afirmar que o Estado de Direito sofre séria ameaça e que o regime democrático, com suas regras e instituições, está em perigo.

Atentado
A oposição criticou o governo e três partidos (PSDB, DEM e PPS) assinaram nota conjunta em que rotulam de "atentado a dois dos principais pilares do Estado Democrático de Direito", a espionagem realizada pela ABIN e revelada pela revista Veja. Insistem  os mencionados partidos que o País vive "uma situação de grave crise institucional".

Os líderes partidários que assinam a nota, Senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Roberto Freire (PPS) demonstram também indignação com a "reação frouxa do presidente da República e de seus auxiliares". A capacidade de investigação do governo é classificada em "zero".

A mera hipótese de que o fato não seja esclarecido, frisam os presidentes dos partidos, "faz girar para trás 20 anos a roda da democratização no Brasil" (cfr. O Estado de S. Paulo, 4.set.2008, Escuta é "atentado", diz oposição).

Invectivas e acordos espúrios
Entretanto, segundo revela o blog de Josias de Souza, frouxa - e gravemente frouxa - parece ser a atitude do maior partido da oposição, o PSDB.

Segundo o jornalista, enquanto na superfície a linguagem é dura e cheia de invectivas, nos subterrâneos do poder estaria sendo aberto um canal de diálogo entre o PSDB e o Planalto, a respeito da "crise".

Seria uma conversa "institucional", destinada a debater as implicações das suspeitas que empurraram a ABIN para o pantanoso terreno da ilegalidade, informa a reveladora notícia do blog, que acabou por vazar a articulação.

Na origem de tal articulação, ainda segundo o mencionado blog, estaria a iniciativa do senador Tião Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, que qualificou o encontro de "relevante para as relações institucionais dos dois maiores partidos" (PT e PSDB).

A notícia é alarmante!

Traição e cumplicidade
Ocupantes de organismos do Estado ferem gravemente instituições do Estado de Direito e PT e PSDB se preocupam com as relações institucionais dos dois partidos. Rumo a quê? A um projeto comum?

Um eventual acordo de bastidores entre o PSDB e o lulo-petismo, demonstra, uma vez mais, que o principal partido da oposição não hesita em fazer acordos espúrios e desconhecidos da opinião pública, que acabem por blindar a figura do Presidente Lula e eximi-lo de suas graves responsabilidades.

O PSDB ameaça assim trair as instituições do País e sua missão de oposição, tornando-se cúmplice de um projeto de poder autoritário, cujo mais recente episódio é a espionagem feita a altas personalidades do Judiciário e do Legislativo, ao que tudo indica, por órgãos submetidos ao Presidente da República.

A eventualidade de um acerto espúrio não pode ser descartado, se se levar em consideração que Tião Viana, também grampeado, segundo a denúncia de Veja, logo a seguir às revelações da revista, se apressou em isentar o governo e a Polícia Federal de qualquer participação, bem como o Presidente Lula que afirmou ser "a última pessoa a aceitar uma prática de Estado arbitrário".

Imprensa afasta debate do foco
Infelizmente o debate público, com ponderável ajuda da imprensa, está a ser completamente desviado do seu foco. Discute-se quem tem ou não tem, quem comprou ou deixou de comprar aparelhos de escuta.

O cerne da crise é outro.

A matéria de Veja é clara: a ABIN, órgão submetido à Presidência da República, espionou o Ministro Gilmar Mendes, Presidente do STF, o Presidente do Senado e altas autoridades da República (leia abaixo Escutas no STF e Estado policialesco).

Ora, se a ABIN caminhou para o "pantanoso terreno da ilegalidade", não há como isentar de responsabilidade o Presidente da República. Foi o que bem frisou o Senador Álvaro Dias (PSDB-PR): "A ABIN é órgão ligado à Presidência da República, o presidente é quem nomeia, portanto não há como isentá-lo de responsabilidade"

Essa responsabilidade é inequívoca, quer o Presidente soubesse, quer não. Se Lula sabia da espionagem de altos integrantes dos outros poderes da República é obviamente gravíssimo. Se não sabia, é igualmente grave, pois o Presidente demonstra não controlar delicados e sensíveis organismos do Estado.

O caso dos grampos é tão ou mais grave do que o Watergate, que levou à renúncia do Presidente Nixon, num dos maiores escândalos da política americana.

Voltarei ao assunto.

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Um comentário:

Alexandre Core disse...

O que poderíamos esperar dos bolchevistas que estão aparelhando os orgãos do estado? Nada além das ferramentas de controle e repressão que eles amavam na antiga URSS. Esses e outros casos de ataque ao Estado Democrático de Direito nada mais são do que o reflexo do comunismo tentando minar a democracia no país a partir de dentro. Haja Gramsci na cabeça desse pessoal! E o pior é que eles estão conseguindo. Fala-se em nova CPI...pra quê? Pra ser mais um teatrinho entre governo e oposição (aliás, que oposição, não?).

Crime de responsabilidade. Já perdi as contas de quantos casos o presidente deveria ter respondido por crime de responsabilidade. Mas o homem é imune a tudo. Nessa semana mesmo ele teve a desfaçatez de dizer num desses palanques da vida que o mensalão foi uma articulação da oposição.