segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Junto ao Presépio

Junto ao Presépio
Chegou o Natal. A noite entre todas bendita, em que uma melodia celeste ecoou pela Terra, e se multiplica, há mais de dois mil anos: Glória a Deus nas Alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade.

A realidade contemporânea, boa parte dos acontecimentos que aqui costumo comentar, parecem bem longe da suavidade dessa noite.

Assim, é hora de fazer uma pausa nas reflexões habituais deste blog e voltarmos nossos olhos para a Gruta de Belém e ali nos determos.

Votos de Natal
E já que este blog é um Radar da Midia, foi na midia que procurei um artigo para aqui refletir sobre esta data.

Antes de passar à leitura, desejo a todos um santo Natal e um Ano Novo pleno de dons.

Ah!... recordo a todos que para estarmos mais próximos no ano de 2008 deixem seu email aí ao lado, na janela indicada, para que possam, sem trabalho, receber um aviso cada vez que este blog seja atualizado. Depois é só confirmarem a solicitação numa mensagem que receberão. Não demora mais do que 5 segundos.

Dom de si próprio
O artigo, intitulado Junto ao Presépio, foi escrito por Plinio Corrêa de Oliveira e publicado no jornal Legionário, nos idos de 1946. Foi há muito tempo, entretanto, parece que foi hoje. Suas verdades são perenes, assim como perene é o mistério benfazejo desta data.

O autor, católico ardoroso e atuante, descendente de estirpes tradicionais, desde cedo se interessou pela análise filosófica e religiosa da crise contemporânea.

Homem de Fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira, além de mestre da doutrina contra-revolucionária, ocupou lugar de inegável destaque no panorama internacional como líder e orientador, numa época de realizações e de crises, de apreensões e de catástrofes.

  • "Aproxima-se mais uma vez, Senhor, a festa de Vosso Santo Natal. Mais uma vez a Cristandade se apresta a Vos venerar na manjedoura de Belém, sob a cintilação da estrela ou sob a luz ainda mais clara e fulgente dos olhos maternais e doces de Maria. A vosso lado está São José, tão absorto em Vos contemplar, que parece nem sequer perceber os animais que Vos rodeiam e os coros de Anjos que rasgaram as nuvens e cantam, bem visíveis, no mais alto dos Céus. Daqui a pouco se ouvirá o tropel dos Magos que chegam, trazendo presentes de ouro, incenso e mirra no dorso de extensas caravanas guardadas por uma famulagem sem conta.

    No decurso dos séculos, outros virão venerar vosso presépio: da Índia, da Núbia, da Macedônia, de Roma, de Cartago, da Espanha; gauleses, francos, germanos, anglos, saxões, normandos. Aí estão os peregrinos e os cruzados, que vieram do Ocidente para beijar o solo da gruta em que nascestes. Vosso presépio encontra-se agora em toda a face da Terra. Nas grandes catedrais góticas ou românicas, nas mesquitas conquistadas ao mouro e consagradas ao culto verdadeiro, multidões imensas se acumulam em torno de Vós, e Vos trazem presentes: ouro, prata, incenso, e sobretudo a piedade e a sinceridade de seus corações.

    Abre-se o ciclo da expansão ocidental. Os benefícios de vossa Redenção jorram abundantes sobre terras novas. Incas, astecas, tupis, guaranis, negros de Angola, do Cabo ou da Mina, hindus bronzeados, chins esguios e pensativos, ágeis e pequenos nipões, todos estão em torno de vosso presépio e Vos adoram. A estrela brilha agora sobre o mundo inteiro. A promessa angélica já se fez ouvir a todos os povos, e sobre toda a Terra os corações de boa vontade encontraram o tesouro inapreciável de vossa paz. Superando todos os obstáculos, a palavra evangélica se fez ouvir por fim aos povos do mundo inteiro. No meio da desolação contemporânea, esta grande afluência de homens, raças e nações em torno de Vós é, Senhor, a única consolação, a esperança que resta.

    E no meio de tantos, eis-nos aqui também. Estamos de joelhos e Vos olhamos. Vede-nos, Senhor, e considerai-nos com compaixão. Aqui estamos, e Vos queremos falar.

    Nós? Quem somos nós? Os que não dobram os dois joelhos, e nem sequer um joelho só, diante de Baal. Os que temos a vossa Lei escrita no bronze de nossa alma, e não permitimos que as doutrinas deste século gravem seus erros sobre este bronze, que sagrado vossa Redenção tornou. Os que amamos como o mais precioso dos tesouros a pureza imaculada da ortodoxia, e que recusamos qualquer pacto com a heresia, suas obras e infiltrações. Os que temos misericórdia para com o pecador arrependido, e que para nós mesmos, tantas vezes indignos e infiéis, imploramos vossa misericórdia.

    Mas que não poupamos a impiedade insolente e orgulhosa de si mesma, o vício que se estadeia com ufania e escarnece a virtude. Os que temos pena de todos os homens, mas particularmente dos bem-aventurados que sofrem perseguição por amor à vossa Igreja, que são oprimidos em toda a Terra por sua fome e sede de virtude, que são abandonados, escarnecidos, traídos e vilipendiados porque se conservam fiéis à vossa Lei.

    Aqueles que sofrem, sem que a literatura contemporânea se lembre de exaltar a beleza de seus sofrimentos: a mãe cristã que reza hoje sozinha diante de seu presépio, no lar abandonado pelos filhos que profanam em orgias o dia de vosso Natal; o esposo austero e forte, que pela fidelidade a vosso Espírito se tornou incompreendido e antipático aos seus; a esposa fiel, que suporta as agruras da solidão da alma e do coração, enquanto a leviandade dos costumes arrastou ao adultério aquele que devera ser para ela a coluna do lar, a metade de sua alma, "um outro eu mesmo"; o filho ou a filha piedosa, que durante o Natal, enquanto os lares cristãos estão em festa, sente mais do que nunca o gelo com que o egoísmo, a sede dos prazeres, o mundanismo, paralisou e matou em seu próprio lar a vida de família.

    O aluno abandonado e vilipendiado pelos seus colegas, porque permanece fiel a Vós. O mestre detestado por seus discípulos, porque não pactua com seus erros. O Pároco, o Bispo, que sente erguer-se em torno de si a muralha sombria da incompreensão ou da indiferença, porque se recusa a consentir na deterioração do depósito de doutrina que lhe foi confiado. O homem honesto que ficou reduzido à penúria porque não roubou.

    Estes são, Senhor, os que no momento presente, dispersos, isolados, ignorando-se uns aos outros, entretanto agora se acercam de Vós, para oferecer o seu dom e apresentar a sua prece.

    Dom tão esplêndido, na verdade, que se eles Vos pudessem dar o Sol e todas as estrelas, o mar e todas as suas riquezas, a Terra e todo o seu esplendor, não Vos dariam dom igual. É o dom de si, íntegro e feito com fidelidade."
Não se esqueça, deixei seu email aí ao lado e receba atualizações.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sr. J. Sepúlveda
Mensagem das mais belas de todos os tempos. Mensagem que abraça a humanidade. Exala amor e bondade, conhecimento e humildade cristã, brio e valor como o Cristo mostrou quando expulsou os vendilhões do templo. O que seria de nós, pobre mortais, à mercê de vendavais impiedosos que muitas vezes assolam-nos sem a presença do manso cordeiro que veio pisar o chão, compartilhar as agruras e alegrias da nossa humanidade.
Sim, o escritor católico partiu e adentrou às portas da eternidade. Deixou-nos seu legado de intenso fervor e fé. Trabalho e serviço à exemplo de Santa Maria quando foi visitar a prima Santa Isabel que ao vê-la saudou-a com alegria e o menino João Batista moveu-se em seu ventre. Aquele que iria preparar o caminho da Nosso Senhor.
Sim, o presépio que o humilde e "louco" São Fancisco de Assis arrumou na noite de Natal e muitos viram o próprio Jesus Cristo em seus braços.
O verbo fez-se carne e habitou entre nós.
Que a reflexão nunca abandone todos que AMAM e dão suas vidas por um BEM MAIOR.
Parabéns pelo artigo transcrito do saudoso e inesquecível Dr. Plínio Corrêa de Oliveira e à todos um Feliz e Santo Natal.

Letícia Losekann Coelho disse...

Oi cheguei atrasada....mas quero te desejar ainda em tempo um ótimo Natal e tudo de bom que podes ganhar!!!
beijos meus